Nos últimos 25 anos, a produtividade agrícola deu um salto enorme no Brasil: a do feijão cresceu 165,6%, a da soja, 71,93%, e a do trigo, 90,15%.
Esses resultados se multiplicam pelas demais culturas e indicam que a ampliação de áreas agrícolas por meio da derrubada de matas está ficando cada vez menos necessária para o agronegócio brasileiro.
A realidade mostra que há algum tempo o setor tem capacidade de superar o rigor da preservação ambiental previsto no atual e no novo Código Florestal com a elevação da produtividade, que já supera 150% em algumas lavouras.
Os investimentos em tecnologia intensiva e pesquisa estão entre os principais fatores que proporcionaram esse avanço na produtividade agrícola.
Além disso, o País tem hoje cerca de 120 milhões de hectares de terras degradadas que, com adequada correção de solo, podem ser plenamente recuperados e se transformarem em novas fronteiras para grãos e pecuária, triplicando a produção agrícola sem a derrubada de uma única árvore.
De acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), dos 851 milhões de hectares de área do País, 133 milhões de hectares são de reservas. Consideradas as terras indígenas, reservas legais e as áreas de preservação permanentes (APP), cerca de 60% do território brasileiro não podem ser utilizados para atividades econômicas.
Sobram ainda 340 milhões de hectares e somente 7% (cerca de 24 milhões de hectares) são ocupados com g rãos (soja, milho, arroz, feijão, trigo), café, cana-de-açúcar e outras culturas. O restante são pastos em produção ou degradados.
O próprio ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Wagner Rossi, reconhece que o potencial de aumento na produção agrícola brasileira é grande e não depende do desmatamento. "Temos à disposição cerca de 120 milhões de hectares de áreas degradadas, que hoje não produzem nada, mas que podem, com a aplicação de nutrientes no solo, produzir alimentos", afirmou.
Para Rossi, hoje não existe mais terra fraca ou imprópria: "existe a falta de cuidados, sem o adubo necessário, a correção de solo".
De acordo com ele, a tecnologia agrícola chegou a um nível muito alto. "De todos os recursos natur ais, terra e água são os mais importantes e escassos", disse. "Nós temos a maior reserva de terras disponíveis e podemos triplicar nossa produção de grãos sem derrubar uma árvore sequer, em qualquer bioma. Então nós vamos fazer isso compatibilizando, sim, com a preservação ambiental. É claro que isso demanda recursos", concluiu Rossi.
O ambientalista e produtor rural Paulo Nogueira Neto concorda com Rossi. Considerado o primeiro-ministro do Meio Ambiente brasileiro, ele lembra que "o País tem milhões de hectares de terras que não são aproveitadas pela agricultura porque perderam a produtividade. "Em vez de derrubarmos novas florestas, podemos adubar essas terras, tratar essas áreas que estão abandonadas e aumentar a produção", analisou.
Nogueira Neto, que foi secretário Especial de Meio Ambiente por 12 anos e meio entre as décadas de 1970 e 1980, e há mais de 40 anos possui fazenda em São Simão, na região de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, defende que o setor precisa apostar no aumento da produtividade. "Aliás, a produção tem aumentado continuamente e, em grande parte, com a utilização de novas tecnologias que oferecem aumento na produtividade da terra", lembrou.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), por exemplo, fez uma "coisa formidável" para o Brasil, elevando a produção agrícola. "Sou totalmente favorável ao aumento da produção agropecuária, a maior fonte de riqueza do Brasil, mas sem comprometer nossas reservas. O caminho é investir na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia que possibilite maior produtividade para as áreas agriculturáve is existentes", enfatizou.
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