quarta-feira, 26 de maio de 2010

Serra na encruzilhada

Kennedy Alencar (*)

Até aqui vinha bem a inteligente estratégia do tucano José Serra de dialogar com o eleitorado lulista. Mas, no meio do caminho, apareceu o Datafolha. A pesquisa presidencial realizada quinta e sexta, dias 20 e 21 de maio, mostrou subida de 7 pontos percentuais de Dilma Rousseff (PT) e queda de cinco pontos de Serra.
Agora, Dilma e Serra estão empatados com 37% de intenção de voto cada um. Na pesquisa anterior, de 15 e 16 de abril, o tucano marcou 42%. A petista, 30%. Numa disputa polarizada, um tira voto diretamente do outro. Marina Silva (PV) se manteve estável, com 12%. A senadora do Acre, por ora, vê o jogo da arquibancada.

Serra deverá refletir sobre sua estratégia eleitoral daqui em diante. É verdade que há uma Copa do Mundo, que a fase decisiva começa com o horário eleitoral gratuito na segunda quinzena de agosto, que ainda tem muita água para passar debaixo da ponte.
O tucano pode trilhar dois principais caminhos. Continuar dialogando com o eleitorado lulista. Elogiar o presidente, mas alfinetar a ex-ministra da Casa Civil. E tentar se vender com melhor do que ela para governar o país na propaganda eleitoral de agosto e setembro.

Nessa linha, Serra esperaria mais um erro de Dilma do que realmente um grande acerto seu para vencer a eleição.
Mas também pode optar por uma desconstrução mais incisiva de Dilma. Há tucanos e, sobretudo, aliados do DEM e do PPS que gostariam de uma campanha mais agressiva contra Lula e Dilma. O problema é que Serra não tem como fazer isso sem atacar Lula, que voltou ao índice de popularidade recorde no Datafolha _76% de ótimo/bom.

Nessa trilha, o tucano correria mais risco de cometer erros, de levar o troco e de emagrecer eleitoralmente.
O Datafolha soterrou as análises de que nada aconteceria entre junho e julho por causa da Copa. Em ondas, o eleitorado vai tomando gosto pela eleição, conhecendo os candidatos e fazendo suas escolhas _algumas mais sólidas, outras nem tanto.

Tem muita campanha pela frente, mas sobram indicadores de que a empreitada ficou mais difícil para o ex-governador de São Paulo.

(*) Colunista da Folha Online e repórter especial da Folha em Brasília

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