O grupo agroindustrial Maeda, um dos maiores produtores de algodão e de grãos do Brasil, foi vendido ontem ao fundo Arion Capital, especializado na reestruturação financeira de empresas. Apurou-se que o fundo comprou 86% da companhia por cerca de R$ 100 milhões, além de assumir a dívida.
Quem está por trás desta transação, como principal investidor da Arion Capital, é o bilionário espanhol Enrique Bañuelos, que entrou no Brasil há cerca de um ano e meio comprando empresas do setor imobiliário.
A conclusão da operação está condicionada à renegociação da dívida com os bancos - nos moldes que a Veremonte, empresa de Bañuelos, fez com a incorporadora Klabin Segall.
A princípio, o grupo executivo será mantido na companhia, mas o fundo vai assumir a gestão financeira. O aporte feito na aquisição será usado para capital de giro.
Segundo uma fonte envolvida na negociação, o objetivo da gestora Arion Capital e de Bañuelos é fazer do Maeda um veículo de consolidação no setor de agronegócio, a exemplo do que o investidor espanhol fez no setor imobiliário - quando se uniu à Agra para comprar Abyara e Klabin Segall e formar a Agre, recentemente comprada pela PDG Realty.
A compra do grupo Maeda abre as portas do setor de alimentos e agronegócios para Bañuelos, que já tinha planos de diversificar sua atuação no Brasil.
A aquisição repete o modelo de negócios de Bañuelos, que elege um time de gestores - nesse caso, executivos com experiência em reestruturação financeira, além dos diretores do grupo que entendem do negócio - e f ica na retaguarda como investidor capitalista. Essa é a primeira aquisição do Arion Capital, que deve fechar mais três ou quatro operações durante este ano. A venda foi comandada por Renato Carvalho, ex-sócio e fundador da Angra Partners, empresa de gestão e private equity. Entre os sócios da Arion, está Flávio Souto, que foi diretor financeiro da Laep Investments.
A saída dos Maeda do controle de seu próprio negócio surpreende o mercado.
Considerado um dos mais tradicionais produtores de algodão do Brasil, a família Maeda, que tem sede na região de Ituverava (SP), ajudou a expandir a cotonicultura para o Centro-Oeste, junto com os produtores gaúchos.
No início do ano passado, o então presidente da companhia, Jorge Maeda, passou a encabeçar o conselho do grupo, que faturou cerca de R$ 300 milhões. Em seu lugar,
contratou o executivo Fábio Meirelles, que deverá permanecer na companhia.
Os planos dos Maeda eram ambiciosos.
A família planejava abrir o capital da empresa, mas foi abatida pela crise no meio do caminho.
Em 2006, o grupo entrou como sócio da usina Tropical Energia, que tem a British Petroleum (BP) como controladora (50%) e o Louis Dreyfus como sócio, com 25%.
A família decidiu se desfazer de seus ativos este ano para se dedicar aos grãos, seu principal negócio. Jorge Maeda confirmou a venda do negócio, mas não deu nenhum detalhe.
Nota do Blog - De onde estiver será que o velho Maeda está feliz com esse final?
Para quem teve oportunidade de conhecê-lo, sabia o quanto ele prezava o grupo e tudo que conseguiu fazer para deixá-lo forte, grande até que seus filhos assumissem.
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