Opinião Diário Indústria e Comércio
Essa ninguém me contou. Não ouvi falar. Essa eu vi.
O que fica de soja derramada nas estradas do Brasil é uma grandiosidade perigosa, triste. E olha que já faz tempo que esse problema acontece, mas não existem políticas públicas focadas em saná-lo.
Em março de 2005, larguei a vida urbana para desbravar o agronegócio através do Canal do Boi. Meu primeiro compromisso na emissora foi um documentário sobre os “Caminhos da Produção”. Percorremos, eu e um cinegrafista, quase oito mil quilômetros em duas semanas para retratar os problemas encontrados pelos motoristas que carregam a nossa produção rodovias afora. E o que vi me assustou.
Caminhões com arroz tombando à margem de uma rodovia sem acostamento, bem na minha frente. Eixos daqueles trucões pesados passando por buracos imensos e quebrando ruidosamente. Caminhoneiro chorando por não saber quando – e se – voltaria pra casa após entregar no porto a soja do patrão. Caminhão de aves desviando de buraco e capotando, esmagando os bichinhos.
Fora isso, a parte econômica, foco do nosso texto aqui.
Na época, saiu a notícia de que o Brasil estava emprestando para Bolívia e Paraguai o equivalente a US$ 1,4 bilhão para melhoria das estradas desses países vizinhos.
E nós precisando de estrada para escoar com segurança safra recorde atrás de safra recorde.
Lá se foram oito anos desde que partimos de Campo Grande/MS, subindo Cuiabá, Nova Mutum, Sorriso, voltando por Lucas do Rio Verde, Cuiabá, Rondonópolis, Primavera do Leste, tudo no MT, passando por Campo Grande e rodando até Paranaguá/PR, subindo de volta por Santos e Ribeirão Preto, em São Paulo, até retornar de novo a Campo Grande, sede da emissora.
Nada mudou desde então.
O Brasil está tirando agora do chão 186 milhões de toneladas de grãos. Dos quais 85 milhões apenas de soja, para ficarmos no grão mestre da nossa agricultura, o mais volumoso.
Recentemente, encontro em Sinop/MT com produtores e associações revelou que entre 10% e 12% o Brasil perde no pós-colheita. São 10,2 milhões de toneladas de soja perdidas! A conta é do diretor executivo da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso), Marcelo Duarte Monteiro.
Resultado de um projeto da entidade em parceria com a Universidade de Illinois, Estados Unidos, que estuda diversos gargalos, tanto aqui como na Índia.
Problemas encontrados na colheita sem precisão, algumas sem a devida tecnologia, armazenamento precário, falta de controle de doenças e até classificação do produto a ser comercializado.
Todos componentes da conta que, segundo o diretor da entidade, pode chegar a US$ 5 bilhões de prejuízo!
Dia desses o gerente de planejamento da Aprosoja, Cid Sanches, me esclareceu que no Brasil ainda tem muita soja derramada nas rodovias por péssimo estado da grande maioria delas. Do total colhido, segundo o estudo, 1% fica perdido no chão. Derramamos nos buracos R$ 750 milhões da soja colhida no trajeto curto ou no mais longo, que precisa passar pelas mesmas rodovias que passamos no “Caminhos da Produção” de 2005.
A soja do Mato Grosso, hoje, roda o Estado e 90% sai via férrea do Alto Araguaia para Santos. No asfalto, anda pouco e perde muito.
A própria Confederação Nacional de Transportes calculou recentemente R$ 14 bilhões de prejuízo decorrente de estradas em más condições.
Números que envolvem acidentes de toda sorte e com todo tipo de veículo.
No caso da soja, do milho, dos grãos, é a nossa economia que está nos buracos.
Mas não precisava. Dá pra reduzir esse prejuízo.
Essa ninguém me contou. Não ouvi falar. Essa eu vi.
O que fica de soja derramada nas estradas do Brasil é uma grandiosidade perigosa, triste. E olha que já faz tempo que esse problema acontece, mas não existem políticas públicas focadas em saná-lo.
Em março de 2005, larguei a vida urbana para desbravar o agronegócio através do Canal do Boi. Meu primeiro compromisso na emissora foi um documentário sobre os “Caminhos da Produção”. Percorremos, eu e um cinegrafista, quase oito mil quilômetros em duas semanas para retratar os problemas encontrados pelos motoristas que carregam a nossa produção rodovias afora. E o que vi me assustou.
Caminhões com arroz tombando à margem de uma rodovia sem acostamento, bem na minha frente. Eixos daqueles trucões pesados passando por buracos imensos e quebrando ruidosamente. Caminhoneiro chorando por não saber quando – e se – voltaria pra casa após entregar no porto a soja do patrão. Caminhão de aves desviando de buraco e capotando, esmagando os bichinhos.
Fora isso, a parte econômica, foco do nosso texto aqui.
Na época, saiu a notícia de que o Brasil estava emprestando para Bolívia e Paraguai o equivalente a US$ 1,4 bilhão para melhoria das estradas desses países vizinhos.
E nós precisando de estrada para escoar com segurança safra recorde atrás de safra recorde.
Lá se foram oito anos desde que partimos de Campo Grande/MS, subindo Cuiabá, Nova Mutum, Sorriso, voltando por Lucas do Rio Verde, Cuiabá, Rondonópolis, Primavera do Leste, tudo no MT, passando por Campo Grande e rodando até Paranaguá/PR, subindo de volta por Santos e Ribeirão Preto, em São Paulo, até retornar de novo a Campo Grande, sede da emissora.
Nada mudou desde então.
O Brasil está tirando agora do chão 186 milhões de toneladas de grãos. Dos quais 85 milhões apenas de soja, para ficarmos no grão mestre da nossa agricultura, o mais volumoso.
Recentemente, encontro em Sinop/MT com produtores e associações revelou que entre 10% e 12% o Brasil perde no pós-colheita. São 10,2 milhões de toneladas de soja perdidas! A conta é do diretor executivo da Aprosoja-MT (Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso), Marcelo Duarte Monteiro.
Resultado de um projeto da entidade em parceria com a Universidade de Illinois, Estados Unidos, que estuda diversos gargalos, tanto aqui como na Índia.
Problemas encontrados na colheita sem precisão, algumas sem a devida tecnologia, armazenamento precário, falta de controle de doenças e até classificação do produto a ser comercializado.
Todos componentes da conta que, segundo o diretor da entidade, pode chegar a US$ 5 bilhões de prejuízo!
Dia desses o gerente de planejamento da Aprosoja, Cid Sanches, me esclareceu que no Brasil ainda tem muita soja derramada nas rodovias por péssimo estado da grande maioria delas. Do total colhido, segundo o estudo, 1% fica perdido no chão. Derramamos nos buracos R$ 750 milhões da soja colhida no trajeto curto ou no mais longo, que precisa passar pelas mesmas rodovias que passamos no “Caminhos da Produção” de 2005.
A soja do Mato Grosso, hoje, roda o Estado e 90% sai via férrea do Alto Araguaia para Santos. No asfalto, anda pouco e perde muito.
A própria Confederação Nacional de Transportes calculou recentemente R$ 14 bilhões de prejuízo decorrente de estradas em más condições.
Números que envolvem acidentes de toda sorte e com todo tipo de veículo.
No caso da soja, do milho, dos grãos, é a nossa economia que está nos buracos.
Mas não precisava. Dá pra reduzir esse prejuízo.
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