Eliane Cantanhêde (*)
Pelo visto e pelos relatos da imprensa, a ida da presidente Dilma Rousseff à reunião dos Brics, em Durban, foi cheia de percalços. E de tropeços.
Dilma levou chá de cadeira do presidente da África do Sul, Jacob Zuma. Depois de quase uma hora e meia esperando, com seus ministros, imagine-se o humor da presidente. Ela voltou para o hotel e foi à abertura do encontro, mas dispensou o jantar. Não é trivial. Será que alegou uma dor de cabeça danada?
Ontem, Dilma disse em entrevista coletiva que não concorda com combate à inflação à custa do desenvolvimento. Depois, diante da reação de espanto e crítica, disse que não disse. Mas é o que ela pensa, certo?
Vejamos as frases da presidente:
1) "Não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico";
2) "Esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença, ele é complicado. Eu vou acabar com o crescimento do país?".
O mercado deu um pulo. Interpretou que Dilma estava assumindo a leniência com a inflação, o que, a esta altura do campeonato, é quase uma heresia. Nesses pouco mais de dois anos, o combate à inflação não chega a ser prioridade. Mas há coisas que até se pensam, mas não se dizem. Principalmente presidentes.
Pelo Blog do Planalto, Dilma tentou consertar. Acusou que sua fala foi manipulada por agentes do mercado financeiro e empurrou o abacaxi para o presidente do BC descascar. Ele é que mostrasse por "A" mais "B" que, como disse Dilma na nova versão, "o combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente".
Cá entre nós, a frase original de Dilma tem um fundo de verdade e combina com a ação do seu governo, já que a inflação ultrapassa o centro da meta e se aproxima do teto. E o pior é que o Brasil não tirou nota baixa na inflação para poder tirar 10 no crescimento. Com pibinho de 0,9% em 2012 (bem abaixo dos Brics), não brilhou em nenhum dos dois.
(*) Jornalista e colunista da Folha de São Paulo
Pelo visto e pelos relatos da imprensa, a ida da presidente Dilma Rousseff à reunião dos Brics, em Durban, foi cheia de percalços. E de tropeços.
Dilma levou chá de cadeira do presidente da África do Sul, Jacob Zuma. Depois de quase uma hora e meia esperando, com seus ministros, imagine-se o humor da presidente. Ela voltou para o hotel e foi à abertura do encontro, mas dispensou o jantar. Não é trivial. Será que alegou uma dor de cabeça danada?
Ontem, Dilma disse em entrevista coletiva que não concorda com combate à inflação à custa do desenvolvimento. Depois, diante da reação de espanto e crítica, disse que não disse. Mas é o que ela pensa, certo?
Vejamos as frases da presidente:
1) "Não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a questão da redução do crescimento econômico";
2) "Esse receituário que quer matar o doente em vez de curar a doença, ele é complicado. Eu vou acabar com o crescimento do país?".
O mercado deu um pulo. Interpretou que Dilma estava assumindo a leniência com a inflação, o que, a esta altura do campeonato, é quase uma heresia. Nesses pouco mais de dois anos, o combate à inflação não chega a ser prioridade. Mas há coisas que até se pensam, mas não se dizem. Principalmente presidentes.
Pelo Blog do Planalto, Dilma tentou consertar. Acusou que sua fala foi manipulada por agentes do mercado financeiro e empurrou o abacaxi para o presidente do BC descascar. Ele é que mostrasse por "A" mais "B" que, como disse Dilma na nova versão, "o combate à inflação é um valor em si mesmo e permanente".
Cá entre nós, a frase original de Dilma tem um fundo de verdade e combina com a ação do seu governo, já que a inflação ultrapassa o centro da meta e se aproxima do teto. E o pior é que o Brasil não tirou nota baixa na inflação para poder tirar 10 no crescimento. Com pibinho de 0,9% em 2012 (bem abaixo dos Brics), não brilhou em nenhum dos dois.
(*) Jornalista e colunista da Folha de São Paulo
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