quarta-feira, 13 de março de 2013

Assunto velho, descaso antigo e governos omissos

Gargalos logísticos fazem soja estragar em Mato Grosso  

Folha de São Paulo  

A crise no sistema de transporte da histórica safra brasileira de grãos começou a produzir os efeitos concretos. 
Produtores de soja do nordeste de Mato Grosso, nova e promissora área para grãos, começaram a contabilizar perdas da produção por falta de caminhões para o transporte da lavoura aos portos. 

"Os caminhoneiros vêm à região para puxar a soja, mas a situação das estradas -como a da BR-080- é tão ruim que eles não querem retornar. Tem muita soja que está no pé e está sendo perdida por falta de transporte", diz o produtor rural Gabriel Jacinto. 
A soja poderia ser colhida e armazenada, mas não há silos suficientes. 

O atraso na colheita afeta a qualidade do grão e reduz a receita do produtor. 
Com 30% da área de 4.000 hectares colhida, Jacinto contabilizou uma perda de 5% em razão do excesso de umidade provocado pelo atraso na colheita. A situação da lavoura não é pior graças a um contrato de transporte negociado antes da safra. 

"A exclusividade para uso de 30 caminhões tem me ajudado a tirar a soja da lavoura, mas mesmo assim a transportadora está com problemas para manter esses caminhões. O custo de R$ 45 por tonelada já foi a R$ 75 e isso vai afetar parte do lucro da operação", diz. A margem final já foi afetada em 20%. 

Longa espera  
A situação pode piorar. A falta de estradas, de terminais e de portos reduz a cadência do transporte rodoviário. 

Segundo a Aprosoja (Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso), os caminhoneiros que fazem a rota Centro-Oeste/Santos estão levando nove dias para completar a viagem. 
O trajeto de 2.200 quilômetros deveria ser feito em seis dias. Na Baixada Santista, os caminhoneiros não têm conseguido alcançar os terminais, o que provoca filas gigantescas na rodovia Cônego Domênico Rangoni (Piaçaguera-Guarujá). 

"O frete de longa distância é o que mais tem sido afetado. O transporte da tonelada da soja do Centro-Oeste para Santos ou Paranaguá subiu de R$ 120 para 180 a tonelada nas últimas semanas", diz Roger Rodrigues, diretor administrativo da Aprosoja. 

Os problemas também podem ser vistos em Alto Araguaia (MT), onde a operadora ferroviária ALL recebe a soja de Mato Grosso. A ALL diz que elevou a capacidade de recebimento de caminhões de 280 para 1.400 por dia. 
Na semana passada, caminhões estacionados na BR-364 formaram fila de 60 quilômetros. A ATC (Associação dos Transportes de Carga de Mato Grosso) pediu fiscalização da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) no terminal de Alto Araguaia. 

"Os embarcadores dizem que despacham a soja prevista em contrato. A ALL diz que os embarcadores estão mandando mais soja do que a capacidade de transbordo. O caminhoneiro fica no meio dessa briga esperando 30 horas para descarregar", diz Miguel Mendes, gerente da ATC. 

Armazenagem 
Sem transporte, as regiões produtoras começam a ter problemas de armazenagem. 
"Ou temos caminhões aqui para tirar a soja colhida até o fim da semana ou vamos ter de parar a colheita. Não tem mais onde guardar", diz Endrigo Dalcin, produtor da região de Nova Xavantina. 

A região tem capacidade para 2 milhões de sacas, volume que será alcançada neste semana, e deve produzir 4,5 milhões de sacas. 

Nota do Blog: Desde quando iniciei minha carreira na área agricola e isso lá se vão mais de 40 anos, até já me aposentei, que se escuta falar em problemas de logística, falta de armazéns, perda de safras por falta de transporte, etc, etc ... Governos podres e omissos que se sucederam ao longo dos anos fizeram com que não só não houvesse qualquer modificação na situação como os problemas quadriplicaram de tal forma que nada adianta o país bater recordes de produções agrícolas senão temos capacidade e condições de transportá-la ou siquer armazená-la. Enquanto o país e seus dirigentes correm atrás de recursos para bancar campos de futebol, times de futebol, e coisas eleitoreiras, a agricultura um dos principais alicerces do PIB nacional continua sofrendo agrúras dessa irresponsabilidade que atravessa décadas. Vergonha mais do que vergonha.

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