Não se pode calar, quando a mentira passa como necessidade do País
Edilberto Sena (*)
Existe hoje uma falácia criminosa que envolve o presente e o futuro da natureza e dos povos da Amazônia.
Quem passa essa mentira é o governo brasileiro e seus submissos acólitos do Congresso Nacional.
São tantas as mentiras do PAC, que o Brasil de lá e o mundo assimilam como verdade natural sobre o que está acontecendo na Amazônia.
Entre outras, a mais recente mentira é a da Medida provisória, 558 da Presidente Dilma Roussef e aprovada pelo Congresso nacional. Ela trata simplesmente de reduzir cerca de 150 mil hectares de floresta na bacia do rio Tapajós, no Pará e em parte de Rondônia/Amazonas.
Mesmo tendo o Procurador Geral da República tendo proposto uma ação de ilegalidade da MP, por violar a constituição nacional em referência aos parques nacionais e outras unidades de conservação, a presidente da república, em ato arbitrário ao modo da ditadura militar, da qual ela foi vítima, manteve a MP e a Câmara federal presa a interesses pessoais e corporativos transformou a perversa MP em lei, agora dependendo apenas de uma confirmação quase certa do Senado federal.
Se a Câmara federal em si não mais representa os interesses da população da Amazônia, mais perverso ainda foi o relator da MP, deputado Zé Geral, eleito pelos votos das regiões dos rios, Xingu e Tapajós, além das estradas Tansamazônica e Br. 163, ele próprio reproduziu os interesse de sua presidente.
Estando em Santarém, na semana passada, o deputado declarou publicamente sentenças dignas de um processo judicial por crime de irresponsabilidade ambiental e social com seus eleitores. Entre outros absurdos disse ele a uma emissora local: “o processo de construção de hidroelétricas nessas áreas (bacia do Tapajós) é necessário para o abastecimento de energia do Brasil”.
Em seguida sua declaração conclui dizendo que: “ a diminuição de 150 mil hectares de floresta de Unidades de Preservação não representa uma grande perda para o país, se retira daqui, mas se acrescenta ali e o saldo é maior”.
Que vergonha! Um deputado federal criado na floresta amazônica, eleito para defender os interesses dos povos da Amazônia pronunciar uma declaração desse nível é o cúmulo da irresponsabilidade.
Mas foi assim que Zé Geraldo, deputado federal paraense falou publicamente a uma emissora santarena.
Tais decisões, tanto da Presidente da República, como do deputado e dos seus colegas que aprovaram a MP revela que infelizmente existem dois brasis, o Brasil da sexta economia mais rica do planeta e o brasil Amazônia, colônia de saque e exploração sem dó nem piedade pelos povos da região.
Exploração depredatória de minérios, madeiras, florestas e rios, tudo em função do PAC do crescimento econômico do outro Brasil.
Como o deputado paraense justifica sem nenhum pudor que os 150 mil hectares de inundação de floresta para barragens não representa uma grande perda para o país e como a presidenta afirma que o que tem que ser feito será feito, então aos povos da Amazônia só resta punir os políticos indecentes como o citado e resistir organizada e fortemente às violações de sua soberania cultural e territorial.
Uma nova cabanagem precisa ser organizada melhor do que em 1835-1840. Precisamos de aliados.
Esse é um grito de indignação que não é de uma só pessoa da bacia do tapajós. Outros gritos virão.
(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural de Santarém (PA)
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