Edilberto Sena (*)
Alguns anos atrás os cargos de vereador e deputado eram serviços ao bem comum. Era dedicação total a garantir que os poderes executivos cuidassem de resolver os problemas sociais e assim, buscassem melhorar a qualidade de vida das populações. Eram pessoas respeitadas pela dedicação ao serviço público de modo incansável.
Hoje mudou o panorama. Ser vereador ou deputado é entrar numa profissão de elite. Além dos altos salários e poucas obrigações de dedicação ao serviço público, há outras mordomias da “profissão”. Se um vereador tem 12 assessores como um deles candidamente afirmou, quantos assessores deve ter um deputado? Tudo pago pelos impostos da população.
Agora mais duas iniciativas dignas de escandalizar não só os e as eleitoras, mas até as criancinhas. A Câmara de Vereadores de Santarém terá mais sete novos vereadores a partir de janeiro próximo, além dos 14 já existentes. Para isso, serão construídos mais sete novos gabinetes, mais prédio e mais assessores.
Pelo exemplo dos já existentes, serão mais 84 assessores, todos pagos pelos impostos da população. Também serão cerca de R$ 45.000,00 reais de salários dos novos vereadores. E mais energia, computadores, entre outros equipamentos necessários para eles trabalharem.
Já a Assembleia Legislativa do Pará, a ALEPA lá na capital, apesar de tantas falcatruas denunciadas e em processo judicial, ou melhor, tantos roubos por ilustres deputados, nenhum ainda posto no presidio, agora vão construir novo prédio para agasalhar os “honoráveis” representantes do povo paraense.
O atual prédio que não é velho e nem é pequeno, já não serve mais. Para construir o novo o custo será de 49 milhões de reais. Como o dinheiro da assembleia é limitado, as tetas da vaca madrinha, o governo do Estado vai custear tudo. Assim também, como os recursos da Câmara de Vereadores de Santarém só dá para pagar 6 mil e 500 reais por mês a cada vereador e mais seus 12 assessores, o governo do Estado vai custear as novas obras do legislativo santareno. O governo do estado não tem responsabilidade de gastar recurso pouco do Estado com novos prédios e equipamentos para os legislativos, pois cada um destes recebe uma cota do orçamento fixo por lei.
Tal generosidade do governador certamente não será mera caridade, deve ter um custo de servidão política dos legisladores na hora em que os interesses dos executivos necessitar de seus apoios
E assim fica fácil atirar com a pólvora do vizinho, como dizia dona Francisca. Tanto o legisladores, como o executivo, todos atirando com pólvora alheia. Enquanto isso, 25 mil famílias em Santarém dependem do bolsa família, as estradas estão entregues aos buracos, a Cosanpa sucateada. Queixar-se a quem?
(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural em Santarém (PA)
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