O Globo
Eike Batista corre o risco de entrar para a história das finanças como a maior bolha financeira individual de todos os tempos. Na história do capitalismo, já houve várias manias de investimento, seguidas de crashes e desilusões. Bolha das tulipas, bolha das ferrovias, bolha do ouro, bolha da internet... Mas nunca houve uma bolha concentrada nas promessas de um único indivíduo. Eike Batista talvez abra este precedente.
Na noite de ontem, a maior de suas empresas, a OGX comunicou ao mercado que todo aquele petróleo prometido não era tão grande quanto se imaginava. As reservas do campo de Tubarão Azul tinham um terço do que se previa. Resultado? As ações da OGX caíram 25% no pregão desta quarta-feira. A queda acumulada no ano já supera 55% e Eike tentava acalmar investidores, numa conferência programada para o início da noite.
Outras ações do “mundo X”, empresas de Eike Batista criadas com esta letra no nome por superstição, também sofreram no pregão desta quarta. A LLX, que constrói o Porto do Açu, no Rio de Janeiro, caiu 7,88% - o tombo no ano soma 52,6%. A mineradora MMX desabou 6%, acumulando queda de 25% no ano. E a OSX, empresa que de navegação, recuou 13%, somando retração 40% no ano.
O que há de comum a esses negócios é que estão em fase pré-operacional. Não produzem, são apenas promessas. Ainda assim, Eike conseguiu vender a vários investidores do Brasil e do mundo a promessa de que criaria uma nova Petrobras e uma nova Vale. Enquanto isso, ele foi um dos mais ativos personagens da vida social brasileira. Passou dias no Twitter, participou de leilões beneficentes para ajudar projetos sociais de Madonna, comprou ternos usados pelo ex-presidente Lula e não dispensou capas de revistas de negócios, além de ter publicado um livro de autoajuda.
Mas produzir o que havia prometido...
Há um dia, porém, que chega a hora da verdade. E, ao que tudo indica, este dia, para o mundo X foi esta quarta-feira. Um problema apenas de quem comprou suas ações? Nem tanto. Como os investidores já estão escaldados para as promessas de Eike, o bilionário de papel ronda cada vez mais os governos. Num evento em que anunciou o início da produção da OGX, foi chamado de “orgulho do Brasil” pela presidente Dilma Rousseff. Depois disso, a presidente da Petrobras, Graça Foster, deu entrevistas sinalizando que poderia fechar parcerias com Eike Batista.
Como se diz no jargão do mercado financeiro, as ações do mundo X estão micando. Espera-se que o mico, tal qual no jogo de cartas, não morra nas mãos do governo federal.
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