Ferreirinha ensina como receber benesses de autoridades
O Globo
- Vou falar como se fala com uma autoridade. Tem que levar tudo mastigado, saber o que você quer, o que é, quem é responsável por lá e tudo porque eles não vão atrás de saber quem é que é, não. Então põe tudo num papel, direitinho, tudo certinho, aí eu entrego para ele e ele manda pra lá. Mas você tem que saber o que é, o telefone de quem é, quem é o responsável por isso. Autoridade quer as coisas assim, tudo mastigado, só para ele ligar e mandar para o cara: "Resolve isso pra mim e assina". É assim que se resolve com uma autoridade. E não: “Ó, parece que vai ter um realinhamento na Eletronorte” - diz Ferreirinha para um homem identificado como Claudio, que queria que Sarney interviesse para reverter desconto de R$ 430 em seu contracheque da Eletronorte por ser cedido de outro órgão.
O próprio Ferreirinha recorreu a Sarney, em 31 de março do ano passado, para ser nomeado superintendente da Infraero.
Ao ouvir a preocupação do ex-porteiro do Alvorada com a possibilidade de um outro nome ser nomeado para o cargo, Sarney respondeu:
- Mas o cara está avisado já.
A assessoria do presidente do Senado afirmou que ele só ouviu a demanda do ex-funcionário do Alvorada mas não levou adiante. Ainda de acordo com a assessoria de Sarney, ele não sabia das relações de Ferreirinha com o grupo de Cachoeira.
- Todo mundo pede tudo ao Sarney e ele é muito generoso, então todo mundo pede ajuda. Mas ele não tem esse poder todo - afirmou o assessor Fernando César Mesquita.
Não foi só a Sarney que Ferreirinha pediu ajuda para virar superintendente regional da Infraero. Em conversa com o ex-diretor da empresa Rogério Bazelatti, o servidor diz que o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) também ficou de ajudá-lo. Já em outra escuta telefônica, Ferreirinha diz ao sargento da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, que Sarney falou com o “Meirelles”, que ficou de falar com o presidente da Infraero, Gustavo do Vale. Esse último foi diretor do Banco Central na gestão de Henrique Meirelles.
Na conversa com Claudio, o dos R$ 430, Ferreirinha recomenda que o amigo espere a nomeação de José Antônio Muniz Lopes, afilhado político de Sarney, para a presidência da Eletronorte, para só então encaminhar ofício ao presidente do Senado pedindo que resolva seu problema.
- Pois é, eu acho melhor esperar esse cara (Muniz Lopes) assumir logo, né - diz Ferreirinha. - Se o presidente (Sarney) quer tirar o cara (presidente da Eletronorte Josias Matos de Araújo), ele não vai pedir para esse cara, não. O problema é esse. O presidente quer colocar outro cara. Como é que ele vai pedir para o cara que ele quer tirar? Estou pensando logo isso.
Em um dos grampos, Ferreirinha recebe telefonema de um homem chamado Eduardo, pedindo credencial de estacionamento da Infraero. Ele responde que só terá como resolver quando assumir a superintendência da empresa e afirma que o presidente da Infraero suspendeu a credencial até de assessores da presidência do Senado.
Eduardo pergunta:
- Só ficou o pessoal que está trabalhando mesmo, né?
E Ferreirinha responde:
- Parece que só quem tem é o … Parece que nem o Vanderlei tem. (incompreensível). Só o Piccolo - diz Ferreirinha.- O pessoal tudinho do Senado foi cancelado.
Nas conversas telefônicas, Ferreirinha aparece como um para-raio de pedidos. Ele promete arranjar emprego na Infraero até para um ex-caso amoroso que foi demitida da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
O Globo
Novas gravações telefônicas da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, mostram um dos envolvidos com a quadrilha do bicheiro Carlinhos Cachoeira ensinando como se deve pedir favor a um político. Porteiro do Palácio da Alvorada durante o governo Sarney e hoje funcionário da Infraero, Raimundo Costa Ferreira Neto, o Ferreirinha, funciona como um despachante para quem quer pedir ajuda a políticos, principalmente ao hoje presidente do Senado.
Ele próprio recorreu a Sarney para ser promovido a superintendente regional da Infraero, o que não ocorreu. Ferreirinha é acusado de beneficiar o esquema do contraventor liberando máquinas de jogos de azar no aeroporto. - Vou falar como se fala com uma autoridade. Tem que levar tudo mastigado, saber o que você quer, o que é, quem é responsável por lá e tudo porque eles não vão atrás de saber quem é que é, não. Então põe tudo num papel, direitinho, tudo certinho, aí eu entrego para ele e ele manda pra lá. Mas você tem que saber o que é, o telefone de quem é, quem é o responsável por isso. Autoridade quer as coisas assim, tudo mastigado, só para ele ligar e mandar para o cara: "Resolve isso pra mim e assina". É assim que se resolve com uma autoridade. E não: “Ó, parece que vai ter um realinhamento na Eletronorte” - diz Ferreirinha para um homem identificado como Claudio, que queria que Sarney interviesse para reverter desconto de R$ 430 em seu contracheque da Eletronorte por ser cedido de outro órgão.
O próprio Ferreirinha recorreu a Sarney, em 31 de março do ano passado, para ser nomeado superintendente da Infraero.
Ao ouvir a preocupação do ex-porteiro do Alvorada com a possibilidade de um outro nome ser nomeado para o cargo, Sarney respondeu:
- Mas o cara está avisado já.
A assessoria do presidente do Senado afirmou que ele só ouviu a demanda do ex-funcionário do Alvorada mas não levou adiante. Ainda de acordo com a assessoria de Sarney, ele não sabia das relações de Ferreirinha com o grupo de Cachoeira.
- Todo mundo pede tudo ao Sarney e ele é muito generoso, então todo mundo pede ajuda. Mas ele não tem esse poder todo - afirmou o assessor Fernando César Mesquita.
Não foi só a Sarney que Ferreirinha pediu ajuda para virar superintendente regional da Infraero. Em conversa com o ex-diretor da empresa Rogério Bazelatti, o servidor diz que o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) também ficou de ajudá-lo. Já em outra escuta telefônica, Ferreirinha diz ao sargento da Aeronáutica Idalberto Matias, o Dadá, que Sarney falou com o “Meirelles”, que ficou de falar com o presidente da Infraero, Gustavo do Vale. Esse último foi diretor do Banco Central na gestão de Henrique Meirelles.
Na conversa com Claudio, o dos R$ 430, Ferreirinha recomenda que o amigo espere a nomeação de José Antônio Muniz Lopes, afilhado político de Sarney, para a presidência da Eletronorte, para só então encaminhar ofício ao presidente do Senado pedindo que resolva seu problema.
- Pois é, eu acho melhor esperar esse cara (Muniz Lopes) assumir logo, né - diz Ferreirinha. - Se o presidente (Sarney) quer tirar o cara (presidente da Eletronorte Josias Matos de Araújo), ele não vai pedir para esse cara, não. O problema é esse. O presidente quer colocar outro cara. Como é que ele vai pedir para o cara que ele quer tirar? Estou pensando logo isso.
Em um dos grampos, Ferreirinha recebe telefonema de um homem chamado Eduardo, pedindo credencial de estacionamento da Infraero. Ele responde que só terá como resolver quando assumir a superintendência da empresa e afirma que o presidente da Infraero suspendeu a credencial até de assessores da presidência do Senado.
Eduardo pergunta:
- Só ficou o pessoal que está trabalhando mesmo, né?
E Ferreirinha responde:
- Parece que só quem tem é o … Parece que nem o Vanderlei tem. (incompreensível). Só o Piccolo - diz Ferreirinha.- O pessoal tudinho do Senado foi cancelado.
Nas conversas telefônicas, Ferreirinha aparece como um para-raio de pedidos. Ele promete arranjar emprego na Infraero até para um ex-caso amoroso que foi demitida da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
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