quinta-feira, 14 de junho de 2012

Menos Palmeiras...foi apenas uma vitória ..

Valdivia já pensa em ficar. Bicho dobrado no Palmeiras. Diretoria gremista sonha com Felipão em 2013. Kléber deprimido. Consequências do jogo do ódio: Grêmio e Palmeiras

Cosme Rímoli (*)

Foi o jogo de maior efeitos colaterais do ano. A brilhante vitória do Palmeiras diante do Grêmio.
O primeiro confronto pela semifinal da Copa do Brasil, marcado pelo ódio, deixou várias marcas.
Tanto no Olímpico como no Palestra Itália.

Primeiro em relação à delicada situação de Valdivia.
O clima de alegria depois dos 2 a 0 e a reação dos jogadores oferecendo a vitória a ele.
A solidariedade de Luiz Felipe Scolari.
E a postura insistente da diretoria para que fique no clube mexeu com o jogador.

Ele ainda está traumatizado com o sequestro-relâmpago e com a tentativa de estupro que sua mulher sofreu.
Mas as coisas começaram a mudar ontem.
O bandido foi preso ontem, o que já lhe trouxe muito alívio.
Com direito a choro convulsivo, de acordo com pessoas ligadas ao presidente Arnaldo Tirone.

Depois vieram a demonstração de amizade dos jogadores e de Felipão.
O chileno mantinha uma relação distante, um tanto prepotente em relação ao time e ao técnico.
Não esperava essa demonstração de apreço, de amizade.
Ele havia pedido a rescisão de contrato do clube para César Sampaio.

A situação deveria ser definida com uma reunião amanhã.
Mas conselheiros garantem que algo mudou.
E que Valdivia já está disposto a rever essa posição.
Principalmente, não voltar ao Oriente Médio, que sinaliza com duas propostas pelo meia.

O problema ainda é a sua mulher e filhos.
Não mais Valdivia.
O Palmeiras oferece segurança fixa à família do jogador enquanto ele ficar em São Paulo. Além disso, Felipão ganhou pontos importantíssimos com os dirigentes.

Foi a sua grande vitória desde que assumiu o time em julho de 2010.
Perto de completar dois anos, ele não conseguiu levar a equipe sequer a uma final de campeonato.
O treinador já avisou que não continuará em 2013.
Mas em vez de uma saída melancólica, pode deixar como herança uma vaga na Libertadores.

A maneira com que desmontou taticamente o time de Luxemburgo foi brilhante.
Tirando Cicinho do time, improvisando Henrique como volante e, muitas vezes, terceiro zagueiro, travou o Grêmio.
E, principalmente, quem os dirigentes tanto queriam ver humilhado: Kléber.
Só que antes deles, o próprio Felipão tramou as teias que o prenderam.

O atacante do Grêmio é odiado pelo técnico por ter desafiado o seu comando do grupo.
E pelos dirigentes com suas insubordinações.
Havia um medo enorme de Tirone que Kléber decidisse o jogo para o Grêmio.
Mas Felipão tratou disso muito bem.

E ainda venceu o jogo graças a um atleta em quem precisa acreditar mais: Mazinho.
Ele desestabilizou a defesa gaúcha.
E o oportunista Barcos também se reabilitou com o importantíssimo segundo gol.
O resultado também mexeu com as alas conservadora e progressista que apoiam Tirone.

Representantes de Mustafá Contursi e Belluzzi vibraram com a derrota de Luxemburgo.
Os ex-presidentes não toleram o treinador gremista e parabenizaram a atual diretoria pela vitória.
Nada está definido em relação à decisão, mas o Palmeiras vive uma rara manhã de felicidade depois de anos.
A ponto de Tirone decidir pagar premiação dobrada depois da vitória de ontem.

Frio, Felipão já avisou que quer antecipar a concentração para a partida decisiva de quarta-feira em Barueri.
Não quer perder a chance de chegar à final da Copa do Brasil de jeito nenhum.

Do lado gremista, profunda decepção.
A começar pelo presidente Paulo Odone.
 Ele havia ficado eufórico com a contratação de Vanderlei Luxemburgo.
A ponto de lhe dar uma missão: a obrigação de levar o time para a Libertadores de 2013.

O clube está se despedindo do estádio Olímpico e construindo sua moderna arena.
E quer começar 2013 com o pé direito, com um excelente time para ganhar a Libertadores logo de cara.
Tanto que Zé Roberto e Fábio Aurélio estão pensando mais na próxima temporada do que agora.
Vanderlei esfregou as mãos e disse ser um especialista em projetos.

Primeiro iria ganhar o Gaúcho para ficar com moral com a diretoria e torcida.
Não chegou sequer à final.
Primeiro fracasso.
Depois disse que a Copa do Brasil era o caminho mais curto e fácil.

Como gosta de dizer: 'antecipar etapas'.
Pois bem, ganhou vários jogos sem importância, de adversários sem peso.
Posava de invencível.
Batia no peito dizendo que nunca havia perdido no estádio Olímpico com o Grêmio.

Diante do Palmeiras, clube que o enxotou na sua última passagem, seria 'molezinha'.
Time limitado, implodido pelo caso Valdivia, e com Felipão em clima de despedida.
Seria ideal para abrir grande vantagem de gols em casa e fazer a festa em Barueri.
Ainda mais colocando em campo Kléber, com raiva de tudo e de todos, querendo vingança.

Luxemburgo caiu na armadilha da sua velha arrogância.
Não previu que Scolari travaria o seu meio de campo e deixaria Kléber isolado, sem receber bolas.
Tomou o que gostava de dizer que aplicava nos adversários: um 'nó tático'.
Diante de 45 mil pessoas e uma diretoria frustrada, irritada.

A primeira reação com a derrota foi reaviver o velho sonho de levar de volta Felipão em 2013.
Ele sim tem laços profundos de vitórias e conquistas com o time gaúcho.
Não Luxemburgo que troca de clubes como de camisa.
Assim como aconteceu nos últimos times por onde passou, sua aura está se desmanchando rápido.

Desiludiu Santos, Atlético Mineiro e Flamengo.
Os gremistas estão indo pelo mesmo caminho.
O treinador que impressionou o Brasil não existe mais, ficou no passado.
O atual acumula fracassos e multas rescisórias.

Até Edmundo que processa Luxemburgo, tirou sua casquinha.
No Twitter mostrou o ódio que nutre pelo técnico.
Outro derrotado foi Kléber.
Sua sonhada vingança contra Felipão e o clube que o desprezaram não aconteceu.

Completamente sem ritmo, lento, travado taticamente, nada fez de útil.
Teve uma atuação patética.
E que deu razão a aliados de Scolari.
O treinador garantiu que ele desaparece em jogos decisivos.

 Foi o que aconteceu ontem.
Enorme decepção para torcida e dirigentes, que bancam R$ 500 mil de salários.
Kléber deixou o estádio deprimido.
 Esses foram os efeitos colaterais do primeiro confronto entre Grêmio e Palmeiras.

Os 2 a 0 do time de Felipão são uma boa vantagem, mas não decidiram ainda a guerra.
Mas botaram fogo no Parque Antártica e no Olímpico.
Derreteram muitas mentiras e ajudaram a derrubar algumas máscaras.
Quarta-feira tem mais...

(*) Jornalista esportivo . Ganhou o premio ACEESP por seis vezes como melhor repórter esportivo entre jornais e revistas de São Paulo. Trabalhou 22 anos no Jornal da Tarde. Seu blog na UOL comerçou em 2009. 
 

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