Cidade de São Paulo perde 87 mil livros por ano
Jornal da Tarde/SP
O acervo cultural de São Paulo perde 86,7 mil livros por ano. Levantamento obtido pela reportagem com dados de 70 bibliotecas e pontos de leitura municipais mostra que 347 mil livros sumiram das prateleiras entre 2006 e 2010. A queda geral nos últimos quatro anos é de 12%. Mas há unidades em que seis de cada dez obras desapareceram.
O número revela que falta manutenção nos acervos municipais, uma vez que os exemplares perdidos não são repostos na proporção equivalente. Em dezembro de 2006, a capital contava com 2,88 milhões de livros – no mesmo período do ano passado, eram 2,53 milhões.
Realizada pela Rede Nossa São Paulo com informações da Secretaria Municipal da Cultura, a pesquisa mostra ainda que apenas 21 unidades registraram ampliação do estoque. É o caso da Mário de Andrade, a primeira e maior biblioteca pública da capital, fundada em 1925 e reinaugurada em janeiro, após reforma. O ganho foi de 21 mil exemplares.
Há pelo menos três motivos que explicam a diferença: conservação inadequada, atraso na devolução dos empréstimos e fatores externos, como enchentes. De acordo com bibliotecários da rede, a informatização do sistema que permite a retirada também acelerou a saída de livros das prateleiras públicas. No processo, iniciado em 2008, houve transferência de exemplares para escolas ou mesmo descarte de títulos.
A falta de leitores ainda pode servir como uma “causa extra”. A reportagem visitou três bibliotecas ontem, entre 11h e 14h, e só encontrou nove usuários nos locais, que acabam subutilizados. A artesã Simone Feres, de 35 anos, costuma frequentar a Biblioteca Álvares de Azevedo, na Vila Maria, zona norte, e diz que o movimento é sempre baixo.
“Venho pegar livros todos os meses e só encontro pessoas mais velhas lendo jornal ou mães com filhos pequenos. Acho que a frequência é baixa por causa da internet”, diz Simone.
Com uma sala confortável para receber crianças e outra para pesquisa, além de um anfiteatro, a Biblioteca Álvares de Azevedo oferece um ambiente agradável, mas a maioria de seus leitores opta por levar os livros para casa. E muitos não devolvem as obras emprestadas. Segundo funcionários, cerca de 7 mil títulos estão em falta por esse motivo.
A Prefeitura tem uma lista de “leitores ficha-suja”. Pelas regras, o prazo de empréstimo é de 15 dias. Se vencer, cartas de cobrança são enviadas, mas a eficácia não passa de 15%. O estoque atual mostra que há 0,26 exemplar por habitante, o que deixa a cidade longe da meta da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), que recomenda dois livros por habitante.
Nota do Blog: Um País com cultura é um País que lê. Porém, por aqui teve gente grossa falando que ler livro é muito cansativo ... então para que ler ???
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