Gilberto Dimenstein (*)
Aparentemente até faz sentido a proposta discutida pelo governo estadual e pela prefeitura de devolver os viciados em crack para suas cidades. Afinal, eles ficariam mais perto de suas famílias, onde receberiam melhor acompanhamento. Mas a verdade é que os governos estão apenas tentando se livrar de um problema que parece insolúvel e preferem jogar a sujeira debaixo do tapete.
Certamente uma boa parte da população (talvez a maioria) vai gostar da proposta, na ilusão de que vamos nos ver livres desse pesadelo urbano.
O problema é que esses jovens já saíram de suas cidades porque perderam os laços familiares. E, muito provavelmente, eles vêm de famílias desestruturadas e violentas. Em suas cidades, há pouca possibilidade de tratamento: se São Paulo, um dos melhores centros médicos do mundo, tem dificuldade, imagine uma cidade do interior.
Até gostaria de ter a convicção de que essa é uma boa solução. E também gostaria de ver minha cidade sem essas ilhas de crack.
Mas talvez seja uma boa solução aos políticos. Mas duvido de que seja a melhor alternativa aos viciados.
Sou dos que defendem a ideia de que, em muitos casos, é melhor internar na força do que deixar um ser humano se desfazendo na rua. Pelo menos é o que qualquer pai responsável faria com seu filho.
(*) Jornalista , integra o Conselho Editorial da Folhade São Paulo e vive atualmente nos Estados Unidos.
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