sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Centenário da Abadia de Santa Maria

Jornal da Tarde/SP

O primeiro mosteiro da Ordem de São Bento a abrigar mulheres nas Américas fica na cidade de São Paulo e completa 100 anos na quinta-feira. Hoje localizada em uma construção modernista aos pés da Serra da Cantareira, na zona norte, a Abadia de Santa Maria conta com 20 monjas e deu origem, de maneira direta ou indireta, a 15 mosteiros beneditinos femininos em todo o Brasil.

As comemorações começam já amanhã, quando o cardeal-arcebispo metropolitano de São Paulo, d. Odilo Pedro Scherer, celebrará uma missa no mosteiro. Até lá, deve estar pronto um afresco com a imagem da Virgem Maria, sendo pintado em uma das paredes da igreja pelo artista Cláudio Pastro – responsável há dez anos pelas obras de arte da Basílica de Aparecida, no interior do Estado.

No dia do aniversário, 24, abades, abadessas, monges e monjas de todo o Brasil estarão presentes na missa de celebração, incluindo a atual abadessa de Stanbrook, mosteiro inglês que inspirou o irmão brasileiro no começo do século passado. O nome Santa Maria é a tradução do inglês para o português de Saint Mary, como se chama a Abadia de Stanbrook.

Em 1907, a irmã Ana Abiah da Silva Prado visitou o mosteiro inglês e, após 4 anos de formação, retornou em 1911 com um grupo de seis monjas – três inglesas e três brasileiras – para fundar mosteiro semelhante no Brasil.

A primeira abadia foi construída na Rua São Carlos do Pinhal, a uma quadra da Avenida Paulista, onde hoje funciona o hotel Maksoud Plaza – que vai a leilão. Com estilo neorromânico, foi erguida com o dinheiro da irmã Abiah, pertencente a uma das mais tradicionais famílias paulistanas. Ela foi a primeira abadessa do mosteiro.

A primeira sede permaneceu na região da Paulista até 1974, quando o mosteiro se mudou para o atual endereço: Avenida Coronel Sezefredo Fagundes, no Tremembé. Cercado por vegetação e nos fundos do terreno, mal pode ser visto a partir da avenida.

O ruído dos automóveis e a falta de privacidade causada pelos prédios altos da vizinhança foram o motivo da mudança. “São Paulo cresceu de tal maneira que o barulho impediu a vida monástica”, diz a atual abadessa, irmã Escolástica Ottoni de Mattos, de 44 anos.

A irmã é monja no Santa Maria há 22 anos e assumiu o posto em agosto, no lugar da abadessa Maria Teresa Amoroso Lima, que morreu aos 82 anos, depois de 33 no cargo. É da irmã Escolástica a receita de uma das iguarias produzidas pelas freiras: o licor. O produto, ao lado de biscoitos e peças artesanais, garante o sustento da abadia. “Nossa divisa é: ora e trabalha”, explica ela, mencionando um princípio beneditino.

As irmãs acordam às 4h25, fazem sete orações por dia em canto gregoriano e vão para a cama por volta das 22h. As missas são rezadas todos os dias por padres do Mosteiro de São Bento, das 7h15 às 8h. Para a irmã Escolástica, o centenário representa essa devoção.
“O que herdamos, vamos levar adiante.”

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