terça-feira, 15 de novembro de 2011

O grão de trigo

Padre Sidney Augusto Canto (*)

Havia um homem muito pobre que vivia da esmola dos outros. Certo dia de muita penúria a única coisa que ele havia recebido era um punhado de grãos de trigo, suficiente para fazer um pão.

Então o homem elevou o olhar para o céu e pediu para que Deus tivesse compaixão dele e lhe enviasse mais prosperidade em meio a tantas dificuldades. O Senhor ouviu a prece do homem pobre e naquele mesmo instante lhe apareceu um formoso anjo. O homem ajoelhou-se e antes de falar alguma coisa o anjo lhe disse:

Estou aqui para atender ao teu pedido, mas antes, que tu tens que podes me dar?

O pobre homem deixou-se levar pelo egoísmo e pensou que aquilo era no mínimo uma ofensa, afinal, como é que ele sendo tão pobre podia dar alguma coisa? Mesmo assim, pensando em receber algo em troca tirou da sua sacola UM GRÃO de trigo e colocou-o na mão do anjo.

O anjo sorrindo lhe disse:
- Muito obrigado! Seja dado a ti conforme o teu coração.

O anjo então se retirou para junto de Deus.

O pobre homem começou então a maldizer-se porque Deus lhe enviara um anjo que além de não lhe dar nada ainda queria lhe tirar o pouco que tinha. Lembrou-se então de fazer o pão para comer. Ao abrir sua sacola, qual não foi sua surpresa ao ver que ali, no meio de tantos e tantos grãos de trigo velhos e mofentos, havia UM GRÃO de trigo transformado em OURO. Foi aí que, caindo em si o homem disse:

- Deus é bom, eu que fui egoísta e não quis dar a Ele tudo o que eu tinha.

“Pois é dando, que se recebe!” (São Francisco de Assis)

Quantas vezes elevamos nossas preces a Deus, sem nem ao menos saber o que estamos pedindo. Esquecemos que, em nossa, vida Deus nos dá muitas coisas e pede tão pouco de nós.

Isso vale não somente para o Dízimo, que é bíblico e que nos ajuda a combater nosso egoísmo, mas também para o exercício da partilha solidária e fraterna, que nos ajuda a não querer viver segundo a nossa própria vontade, mas segundo a vontade do nosso Criador.
São Francisco descobriu o valor do verdadeiro amor. Somente doando de nós mesmos, do que temos e somos; somente doando a nossa própria vida a Deus e ao próximo é que ganharemos o que realmente precisamos para alcançar a verdadeira e eterna felicidade. 
Somos conscientes desse fato? Estamos dispostos a partilhar e a colaborar para com o bem do próximo? Ou será que somos mesquinhos diante de tudo de bom que Deus nos concede?

Pense e reflita!

(*) Sacerdote santareno e foi ordenado presbítero no dia 28 de dezembro de 2001. É membro da Academia de Letras e Artes de Santarém, como escritor e pesquisador da história da sua Diocese já tendo dois livros publicados e outros dois inéditos.

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