Antenor Pereira Giovannini (*)
Completo 62 anos de vida neste 25 de Outubro.
O tempo é implacável e faz com que os ponteiros do relógio girem muito mais depressa do que gostaríamos que girassem.
A memória já não é tão clara como algum tempo atrás, mas, mesmo assim, faz com que o vídeo tape da vida nos traga algumas etapas desses 62 anos de vida.
Momentos alegres, tensos, entusiásticos, tristes, de dor, de saudades, enfim como qualquer ser humano, o registro na gavetinha da memória se faz abrir quando se chega nesse tempo de vida.
O tombo aos 5 anos de idade tropeçando no degrau de entrada da casa ao querer encontrar com o pai que chegava do trabalho, custou uma cicatriz que emoldura o lábio inferior, oriunda de 6 pontos sendo 3 internos e 3 externos. O tempo não apagou a imagem do tombo, do choro compulsivo, da dor de levar pontos sentados no colo do pai.
Com 7 para 8 anos o serviço de coroinha nas missas diárias do Colégio São Paulo da Cruz no bairro do Tucuruvi na zona norte de São Paulo, na pequena capela davam o sabor de inicio de religiosidade e crença na fé católica que perdura nos dias de hoje.
O sanduíche de mortadela com Toddy degustado na padaria Adamastor todo dia ao sair da missa, já deixado pago pelo pai, faz com que lágrimas rolem sem querer lembrando de uma fase marcada por brincadeiras e inocência. Sem esquecer da figura do querido Leontino que de há muito nos deixou.
As brincadeiras na casa do primeiro amigo, Francisco Jose Richter, hoje distante pelas circunstâncias da vida, lá pelas bandas da sua Floria nópolis.
Aos 10 anos e estudante do então austero Colégio São Bento, fincado no centro da cidade de São Paulo de uma outra época, me era permitido ir sozinho de ônibus elétrico de casa até o colégio por volta das 05,00 horas da manhã, para que as 06,00 estivesse devidamente paramentado como um dos integrantes do time de coroinhas que ajudavam os padres do mosteiro a rezarem suas missas. Olhava a escala e me dirigia ao altar designado para esse trabalho. Após a missa, corria para o refeitório dos padres e fazia meu café da manhã antes de me dirigir para sala de aula.
Já entrando na fase de adulto, surgiu o hábito de “freqüentar” a Pontifícia Universidade Católica (PUC), curso de Filosofia Pura, num período de ditadura e conhecida insubordinação da classe estudantil. E isso fazia o coração da mamãe Lourdes pulsar mais rápido pela possibilidade de que seu filho entrasse em qualquer confusão, ao passo que a cabeça desse seu filho querido estava fixada apenas em paquerar as moçoilas e ir correr atrás de uma bola em qualquer campo de várzea ou quadra de futebol de salão.
Isso gerava brigas paternas que empurraram o filho único para o trabalho. Com seu orgulho ferido pelo corte da “mesada”, resolveu sair à procura de emprego e os amigos o levaram para uma corretora de valores, Magliano Corretora, na Rua 7 de Abril, 7º andar no centro de São Paulo. Paulo Mário Aprá, jamais esquecerei meu primeiro chefe, que acreditou que eu poderia me tornar um funcionário, ainda que meu conhecimento de escritório fosse até então nulo.
Não se pode fazer com que a memória deixe de fugir para o Clube da Amizade, um clube de futebol de várzea fundado por amigos e que comecei a freqüentar na adolescência, mas que galhardamente continuou a sobreviver já na fase adulta.
Ás sextas e sábados era certo o encontro no muro da casa do Ayrton Carreira (sede do clube) e ali se varava grande parte da noite que terminava dentro da padaria Magna degustando um frango assado (que havia passado o dia virando na máquina e que não teria saída) com cervejas e refrigerantes religiosamente pagos, pagamento deixado no caixa com a chegada do padeiro por volta das 03,00 horas da manhã para inicio do seu trabalho. Era nosso “apronto” de sexta ou sábado. Na maioria das vezes isso acontecia na sexta já que domingo todos estavam a postos na porta da padaria as 07,30 hs para seguir em direção algum campo de várzea para mais uma partida do saudoso Clube da Amizade. Grandes amigos que até hoje fazem parte do time do coração, mesmo distantes, Ademir Albanez, Ayrton, Paulo Mente, Paulino. Outros que se espalharam para vida, Vitinho, Bardese, Sala, Zé Antonio, Arlindo, Fiasco, Reinaldo Miquelim, e outros que Deus já chamou, Mário Cordeiro, Reinaldo, Rubens, Felício Alemão. Quantas saudades, tempos que não voltam nunca mais.
Eis que surge a oportunidade de pertencer ao time da Cargill Agrícola, uma multinacional recém chegada ao Brasil. Levado por esses mesmos amigos, a vida permitiu que se formasse outro grande time de amigos, impossível relacioná-los, e se adquirisse gosto, amor, transformando a camisa da empresa na segunda pele e lá permanecesse por quase 40 anos.
Certamente daria um livro de lembranças, mas hoje, apenas hoje, não há como não ter saudades das viagens pelo Brasil, deixando em cada canto seu nome e sua marca e ao mesmo tempo tendo oportunidade de conhecer de perto esse gigante chamado Brasil, tão belo, tão magnífico, mas tão mal administrado.
Terem mente que a política da empresa era de trocar o carro de serviço aos 100 mil kilometros rodar e lembrar que pelo menos 3 Gols foram trocados por terem atingido essa marca, já nos concede o orgulho de ter podido andar em busca de atingir o proposto em cada departamento trabalhado com honra e determinação.
A oportunidade concedida de gerenciar pessoas proporcionou conhecimentos e experiências extraordinários . Administrar uma filial onde 18 homens, inclusive eu, moravam dentro de alojamento de zinco e apenas uma pequena televisão a nos servir numa localidade que consistia, até então, em apenas um lugarejo perdido no oeste de Goiás chamado Chapadão do Céu, foi de uma riqueza incalculável. Hoje aquele lugarejo se viu transformado num progressista município.
Não há como não passar pelo vídeo tape as questões familiares acompanhando o nascimento dos filhos, vendo-os crescendo, se formando e constituindo novas famílias e com isso o processo natural da vida que são os netos e netas. O mais velho com quase 20 anos e o mais novo com 2 anos.
A dor pela perda do pai e como filho único sentir o baque com um estilhaço no peito que nunca sara. Hoje mesmo, uma musica ouvida no Youtube e logo os olhos marejam de saudades do velho Leontino.
E a mais recente grande alegria, a que hoje faz meu dia ser mais emocionante, mais produtivo, na esperança de que Deus me conceda mais algum tempo: assim como me foi concedida a oportunidade de assistir o dos filhos mais velhos, ver e acompanhar o crescimento da minha Giovana. Minha pequena princesa que Deus me concedeu a graças de ter aos 55 anos de vida e que hoje compartilha o mesmo teto, o mesmo dia a dia num vivenciar cúmplice de cada passo e cada conquista sua.
Obviamente os demais fatos da vida, seja social, política, esportiva, passam como num flashback rápido, deixando à mostra como as coisas eram e como são aos 62 anos mostrando a evolução absurdamente grande de toda tecnologia, conhecimento e crescimento do homem e de suas conquistas.
Certamente seriam linhas e linhas, mas o que vale é olhar para trás e dizer que valeu a pena, mesmo com percalços. Mas sem dúvida, foram 62 anos (até agora) que valeram à pena.
Sem modéstia, me permitam, Tim-Tim Antenor, parabéns!!
(*) Aposentado, hoje comerciante e morador em Santarém - Pará
Caro Antenor!
ResponderExcluirParabens, me sinto muito feliz por participar de alguma forma ou em algum momento dessa sua aventura pelo nosso imenso País. Para mim foi um aprendizado muito grande, sobre como lidar com problemas e situaçoes adversas e um crescimento profissional incalculavel. Obrigado pela sua amizade, paciencia e compreensao.
Que DEUS continue ti iluminando sua vida e de toda sua familia!
Meu querido João - meu filho Preto de quem acredite tenho orgulho.
ResponderExcluirObrigadom pelas palavras e nada se consegue senão houver reciprocidade de ações e vontades.
Aprendemos juntos a vencer obstáculos que as situações foram sendo colocadas na oportunidade que trabalhamos juntos. E, creio que podemos dizer que vencemos. Eu é que tenho que lhe dar parabéns pela sua carreira profissional vencedora e com futro mais promissor ainda.
Forte abraço e sucesso sempre. Você com certeza o merece
Antenor/Rabiscos do Antenor
Sr. Antenor, faltou falar dos grandes momentos daqui de Santarém, porém sei o quanto que o sr. ajuda as pessoas, esse coração é muito grande, so posso lhe desejar um feliz aniversário e muita saúde. Parabêns grande Palmeirense!!
ResponderExcluirHélio Júnior.
Hélio Junior - Obrigado . Certamente Santarém merece não apenas um paragráfo, e sim um capitulo especial nesses meus 62 anos. Jamais poderia imaginar que fosse me encantar por essa terra, ter uma filha mocoronga , querer terminar meus dias por esses lados, apenas pdindo que os administradores cuidem melhor de algo que não existe nesse Brasil.
ResponderExcluirForte abraço e se cuide
Antenor/Rabiscos do Antenor