Terminaram as eleições. Quem venceu, venceu, quem não venceu, fica para as próximas. Teremos um segundo turno, o que ainda nos concede esperanças de não vermos na Presidência da República uma ex-guerrilheira convicta, autoritária e, principalmente, tão despreparada para assumir cargo de tamanha importância. Aliado a essa sombria pespectiva, é olharmos o quadro político nacional e ver que pouco ou quase nada resta para que possamos ter esperança em algo melhor do que temos visto e assistido nestes últimos tempos.
É verdade que alguns medalhões da política, daqueles que se encontravam há anos sentados nessas mesmas cadeiras, vão sair pelo menos por algum tempo do cenário. No entanto, surgem outros desconhecidos e principalmente, despreparados para atuar como representantes do povo. “Você conhece a todos?” alguém pode perguntar. Basta ter o trabalho de pesquisar entre os candidatos mais votados para se observar a imensa falta de base política que caracteriza esses novos integrantes do Senado e principalmente na Câmara Federal. Basta ler os comentários de renomados comentaristas e cientistas políticos, sobre o novo quadro que irá se instalar nessas Casas.
O fato de termos um palhaço de profissão como líder disparado na conquista de votos para Câmara Federal dá uma dimensão do que vem no seu rastro. Mas, afinal, com que intuito esse cidadão recebeu essa quantidade de votos? Que natureza tem essa tão expressiva votação? São votos de indignação, de deboche, voto de desinteresse pelas coisas do País, voto de revolta contra tudo o que se assiste dessa classe tão inoperante, tão repugnante como a classe política nacional, ou simplesmente o voto da sacanagem pura e simples?
Isso sem contar com os quase 25 milhões de eleitores que por algum motivo não votaram. Certamente muitos, não votaram, inseridos nas mesmas perguntas acima.
Porque não há seriedade? Porque abriram brechas para tamanhas aberrações onde um candidato mais famoso, ao ser bem votado, leva consigo um monte de indivíduos sem qualquer ligação com a vontade do eleitor, tudo completamente diferente de um processo sério e compromissado de eleições, que se imagina deva pautar a conduta de um político seja que de esfera for.
Não há como fugir da triste realidade de que essa tal de Lei de Ficha Limpa pouco ou quase nada vale. E tudo se torna repugnante quando se constata que candidatos que se ajustam perfeitamente e com rara fidelidade ao figurino que essa Lei dita, conseguem amealhar mais de 3 milhões de votos colocando em risco a eleição de um Estado, dando uma demonstração que, para o povo, ser ou não ser Ficha Limpa pouco importa. A hipocrisia é gritante porque certamente esse imenso contingente que elegeu esses indivíduos, quando tiverem que contratar um empregado ou uma secretária para o lar, jamais aceitariam que essas pessoas possuíssem algo que colocasse em cheque sua credibilidade. Se ao ter que escolher entre duas secretárias do lar para que cuide de sua casa, ou dos seus filhos, ou de suas roupas e até de suas comida, uma delas possuir em sua ficha de apresentação algo que a desabone ou que crie uma expectativa negativa, com absoluta certeza, essa pessoa não será contratada.
Alguém poderá dizer que esse cuidado tem uma lógica. Mas, porque, então, ao votar em seus representantes numa Assembléia Legislativa, numa Câmara Federal e principalmente num Senado Federal, não se leva em conta o mesmo critério?? Porque não usam os mesmos parâmetros como se estivessem contratando uma babá para seus filhos ou uma enfermeira para seu enfermo pai?
Colocando tudo isso no balaio e ainda vendo cantor de pagode recebendo mais de 7 milhões de votos para uma cadeira no Senado, alguns ex-jogadores de futebol terem expressiva votação, mesmo não sendo eleitos, vendo os Tiririca da vida eleitos (e tenham a certeza que existem outros do mesmo nível do verdadeiro), vendo uma demonstração de desinteresse dos jovens em querer mudar a cara do País, fica a pergunta:
Ainda há luz no final do túnel ?
(*) Aposentado e agora comerciante, morador em Santarém (PA)
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