Reginaldo Leme (*) para O Estado de S.Paulo
O sucesso da nova pontuação da Fórmula 1 foi comemorado na Coreia do Sul com a repetição de uma foto histórica feita em 1986, a última vez em que o Mundial teve mais de três pilotos lutando pelo título na reta final da temporada. Na época eram quatro pilotos. No dia 19 de setembro de 1986, Ayrton Senna, Alain Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet posaram para foto sentados na mureta do box do autódromo de Estoril, em Portugal. Primeiro, só os quatro. Depois, com Bernie Ecclestone entre eles. Faltavam três corridas para terminar o campeonato - Portugal, México e Austrália.
Quando vi a foto feita agora na Coreia, também faltando três corridas, e desta vez com cinco pilotos, me bateu a curiosidade de verificar qual tinha sido o desfecho daquele campeonato. Pois é. O campeão acabou sendo o segundo da esquerda na foto, Alain Prost, quando o favorito era Mansell, terceiro na foto. O primeiro na foto, Senna, era o que tinha menos chance e, de fato, terminou o ano em 4.º lugar. Mansell, terceiro na foto, venceu a corrida daquele fim de semana, mas foi vice no ano. Piquet, o último, acabou em 3.º.
A recriação da sexta-feira passada na Coreia pode se tornar ainda mais famosa que a versão original pelas coincidências que estão pintando. A primeira é: o segundo da esquerda na foto é Fernando Alonso, que tem tudo para ganhar o campeonato. A segunda: o então líder Mark Webber aparece na foto como o terceiro da esquerda para a direita, assim como era Mansell em 86 - líder e favorito, mas terminou o ano como vice. Facilmente isso pode se repetir agora. O primeiro da esquerda é Lewis Hamilton, que, assim como Senna naquela oportunidade, pode terminar o ano em 4º. O último da foto é Sebastian Vettel, lugar ocupado em 86 por Piquet, que terminou aquele campeonato em 3º. Tudo muito dentro da lógica. Jenson Button é um quinto integrante da foto feita na semana passada. Depois que os fotógrafos registraram o momento dos pilotos, pra não perder o bonde da história, Bernie Ecclestone entrou no meio deles. É o único presente nas duas versões original e "remake".
Dos pilotos presentes na foto de 86, todos foram campeões. Prost conquistou quatro títulos, Piquet e Senna, três cada um, e Mansell, um. Na atual, Hamilton, Alonso e Button já têm títulos. Webber e Vettel, não. O alemão, com seus 23 anos, tem ainda muito tempo para isso. No caso do australiano, no décimo ano de carreira, vejo o que acontece agora como a sua única grande chance.
Tudo isso, por mais curioso que seja, é mera coincidência. O que não é coincidência é a sorte que acompanha a carreira de Alonso. A mesma que acompanhou Prost, Senna e Schumacher. Portanto, temos razões de sobra para concluir que a sorte só funciona se o sortudo tiver talento para ajudar. Na última corrida da Coreia, pelas péssimas condições da pista, cada um dos candidatos ao título errou pelo menos uma vez. Alonso foi o único a não passar uma única vez fora do lugar. Button e Hamilton saíram da pista e voltaram, Vettel deu uma balançada, mas segurou o carro. Webber cometeu o erro maior. Aliás, muita gente nos bastidores acredita que, pela velocidade baixa em que ocorreu a batida, Webber deixou o carro voltar para o meio da pista de propósito tentando arrumar confusão maior, quem sabe até para conseguir "melar" a corrida. Acabou acertando Rosberg, que nada tinha a ver com a briga.
Os carros de Lucas di Grassi e Timo Glock trarão o nome da Bombril durante o GP do Brasil, e isso pode ser o primeiro passo para a renovação do contrato do brasileiro com a equipe. O acordo foi fechado de olho na temporada de 2011. Uma outra empresa brasileira, a Sky, terá sua marca nos carros da Red Bull, da mesma forma como já acontece na Stock Car desde o ano passado.
(*) Jornalista esportivo e acompanha a Fórmula 1 por 38 anos
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