sexta-feira, 16 de julho de 2010

Guerras (2)

Recebemos do nosso fiel leitor Papai Noel um comentário a respeito desse assunto. Mais uma vez agradecemos ao Papai Noel sua audiência e sempre firme participação . Obrigado.

... Papai Noel disse ...
Meu caro Antenor.
Parabéns pelo texto. Você foi no ponto exato dessa calhordice porque passamos e pelo visto vamos continuar.

Sei que você entende que eu não sou, sequer remotamente, a favor da canalhada que infestou o país e tampouco me sinto tranqüilo com isso.
Contudo, não se trata de otimismo ou pessimismo.
Aliás, para ser franco, acho que esses dois conceitos são tão imponderáveis quanto os de sorte e azar. A questão, aqui, é de mero realismo.
Por mais que uma pequena parcela da sociedade insista em discutir e preservar valores como princípios éticos, decência e honestidade de propósitos, a grande maioria não dá a menor importância a isso. E aí não se incluem apenas os famintos indolentes do bolsa-familia. Estão, também, todos aqueles que se aproveitam do caos e se locupletam descaradamente.

O Brasil, desde há muito, mas sobretudo nesta era que atravessamos, adotou definitivamente a filosofia do “farinha pouca, meu pirão primeiro”.
O individuo brasileiro sai daqui, vai à Disney e volta elogiando a organização e a civilidade do primeiro mundo. Mas, mal chegou em “terras brasilis” e já dá o primeiro golpe apertando o botão verde da alfândega, mesmo que esteja carregado de eletrônicos valendo muito mais que os tradicionais US$500.. Ou seja ” farinha pouca, meu pirão primeiro”. Veja lá se mal passa por sua cabecinha conspurcada que aquela organização e civilidade que ele viu e voltou elogiando tem a ver cm um mínimo de respeito a normas e princípios. Ora, aonde podemos chegar com essa atitude, com essa visão? A lugar algum exceto o esmo em que nos encontramos há séculos.

Por acaso o brasileiro se importa com o fato de que vivemos talvez a fase mais corrupta da história infeliz desta terra, se é que podemos dizer que temos história? O brasileiro miserável e indolente está satisfeito com o dinheirinho que ganha de graça todo mês, versão moderna e infeliz do Jeca Tatu lobatiano. E nesse passo, as próximas infinitas gerações vão continuar mancando com a atual. Mas, se formos pensar bem, talvez tudo isso seja parte de um processo incontornável pelo qual todas as nações ou passaram ou passarão. As grandes nações européias viveram guerras e com elas temperaram suas personalidades e carateres. Por aqui, contudo, tudo sempre foi bonança.
Como se dizia antigamente, o maná por aqui sempre caiu do céu.
Quem sabe estamos entrando no nosso inferno astral e tenhamos que passar por ela para aprendermos alguma coisa sobre honestidade, decência e auto-respeito. E aprendendo exatamente pela falta de tudo isso.

Meu caro, eu torço muito para estar completamente errado e poder. No final do ano, comemorar o fim da era PT. Mas, quem sabe, essa seja a nossa guerra, a nossa fase de provações. Quem sabe tenhamos que ir até o fundo do poço para, um dia, começar a nos re-erguer e expulsar esse chorume que se apossou de tudo por aqui.

Se isso for pessimismo, eu peço desculpas mas não consigo enxergar diferente. E, mais uma vez, estamos nos encaminhando para uma eleição na qual não votaremos por um candidato de nossa escolha, mas votaremos mais uma vez contra alguém.
Enquanto as coisas forem assim, não teremos eleições livres, só um arremedo delas.

Vamos em frente e parabéns pelo texto

Papai Noel

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