Wanderley Nogueira (*)
Brasil e Uruguai jogaram no Estádio do Morumbi, em São Paulo, no dia 21 de novembro de 2007.
Luís Fabiano fez dois gols. Vitória brasileira por 2 a 1.
O placar eletrônico anunciou 65.379 pagantes.
Como tantas outras pessoas, Eliza não comprou ingresso.
Grande movimentação na área de desembarque das delegações, bem pertinho dos vestiários. Por ordem da organização, ninguém deveria estar naquele setor.
Uma varredura rigorosa foi iniciada pelo pessoal da segurança.
Os fiscais foram orientados a não permitir nenhuma pessoa estranha no lugar.
A Seleção deveria desembarcar sem nenhum contato com jornalistas.
Torcedores? Nem pensar.
Num dos portões que dão acesso ao lugar, surge um homem e duas lindas mulheres.
O fiscal disse que ninguém poderia passar por ali.
O homem identificou-se como delegado de polícia.
O funcionário permitiu a sua passagem e não das mulheres.
O policial disse que as duas estavam com ele e iriam à delegacia do estádio registrar um furto de celular.
Todos entraram na àrea restrita ao desembarque dos jogadores.
Logo depois, o fiscal encontrou Eliza e a amiga encostadas na grade instalada ao lado da porta do ônibus esperando a passagem dos jogadores.
Pediu que ambas deixassem aquele lugar imediatamente.
Elas resistiram e Eliza agarrou-se à grade.
O fiscal pediu ajuda aos companheiros para convencê-las a sair de lá. Deu certo.
Mais tarde, o fiscal foi procurado pelo delegado para saber o que ele havia feito para as moças.
Ao dizer que apenas tinha impedido que elas ficassem na entrada do vestiário, foi levado à delegacia do estádio.
Ali, foram atendidos pelos policiais de plantão, que ouviram apenas a versão do delegado.
Resolveram iniciar um Boletim de Ocorrência contra o fiscal.
Nesse momento apareceu um promotor de justiça, com um braço na tipoia, que pediu para conversar em particular com o delegado “denunciante”.
Minutos depois, a elaboração do BO foi interrompida e o fiscal liberado.
Assunto encerrado.
Não houve na delegacia do estádio nenhum registro de ocorrência de celular furtado.
Quando o jogo terminou, o fiscal ainda teve tempo de ver indo embora, no carro do delegado, Eliza e a amiga.
Eliza e suas amigas voltaram outras vezes. Muitas vezes.
Policiais, dirigentes, jogadores e pessoas próximas do “poder do futebol” facilitam, protegem, permitem, incentivam e estimulam a presença de lindas jovens em áreas chamadas de restritas.
O final dessas histórias nem sempre é feliz.
(*) Jornalista esportivo e repórter da Rádio Joven Pan de SPo desde 1977
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