Padre Edilberto Sena (*)
Oito anos atrás, o governo federal criou um programa social de grande esperança para os pobres do Brasil, era o programa Fome Zero de Segurança alimentar. O primeiro passo, depois de montar uma equipe de pessoas bastante comprometidas com a luta social, com bispo, médica, entre outros, foi criar a Bolsa Família, melhorando uns programas populistas do governo anterior.
O presidente eleito jurava publicamente, que ao final de seu mandato, queria que cada pessoa brasileira tivesse todo dia o café da manhã, o almoço e o jantar. Ao longo desses últimos anos o programa Fome Zero, deu alguns passos adiante, mas parou a meio do caminho. A maior parte da equipe séria original abandonou o trabalho por falta de coerência do governo e outras pessoas assumiram o serviço, acrescentaram alguns pontos como micro crédito, pro jovem, etc, mas não matou a fome dos mais pobres.
Ao final de oito anos, quando a economia do país parece ir muito bem e o governo brasileiro chega a emprestar bilhões de reais ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e auxilia flagelados do Haiti, o Bolsa Família, mesmo sendo elogiado por muitos, é criticado por boa gente também. Não reduziu a desigualdade social do país, mesmo que o governo faça propaganda elogiando a migalha que os miseráveis recebem cada mês.
Não há dúvida que alivia a fome de 53 milhões de pessoas que dependem do programa e recebem até R$ 145 reais por mês, se cumprirem as regras do jogo. A renda total dessas 12 mil e quinhentas famílias não passa de R$ 700,00, cada uma. Alivia a fome? Certamente que alivia em parte, pois uma família com cinco pessoas, num período como este de alto grau de desemprego e sub empregos, o salário mínimo para uma tal família deveria ser de R$ 2.200,00, segundo o DIEESE. Com até R$ 700,00 uma família de cinco pessoas mal e mal compra algumas coisinhas para comer e talvez pague luz e água.
Ora, só no município de Santarém são 115 mil pessoas que dependem do Bolsa Família (23.000 famílias segundo a Secretaria de assistência social do município) e portanto vivem abaixo da linha de pobreza, isto é, na miséria.
É uma pena que, em oito anos, o governo não tenha tirado seu povo da desigualdade mais escandalosa do planeta. Apenas deu o café da manhã, sem o almoço e o jantar.
Enquanto banqueiros, latifundiários e políticos tiveram todas as vantagens possíveis do crescimento econômico, um quarto da população do país continua dependendo das migalhas do Bolsa Família, na esperança de que um dia, um dia a vida vai melhorar.
(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural em Santarém
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