Opinião do Estadão
Apesar das frequentes tentativas de membros de grupos sociais contrários ao progresso, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), e de movimentos ambientalistas radicais de cercear sua modernização e a ampliação de sua capacidade de produzir alimentos para o abastecimento doméstico e para a exportação, a agricultura brasileira continua a apresentar resultados muito positivos e, na avaliação de duas respeitadas instituições internacionais, sua expansão contínua e acelerada permitirá que, nos próximos anos, o Brasil se firme como o grande celeiro do mundo.
Em relatório conjunto sobre as perspectivas de produção e preços das principais commodities agrícolas nos próximos dez anos no qual analisam as tendências do mercado internacional de alimentos e o impacto da crise internacional sobre a agricultura mundial e sua capacidade de atender à demanda futura, a Organização para Alimentação e Agricultura (FAO) das Nações Unidas e a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) projetam um crescimento de 40% da produção agrícola brasileira entre 2010 e 2019, num ritmo anual médio que corresponde ao dobro do crescimento mundial observado no período 2007-2009.
Será a maior expansão da produção entre os principais países produtores analisados pelas duas instituições.
O crescimento da agricultura brasileira será quase quatro vezes maior do que o projetado para dois outros grandes produtores agrícolas, os Estados Unidos e o Canadá, cuja produção agrícola dever á crescer entre 10% e 15% até 2019. Para a União Europeia, a previsão é de aumento de apenas 4% nos próximos dez anos.
Outros países em desenvolvimento também deverão registrar grande aumento na sua produção e deslocarão atuais grandes exportadores de suas posições de liderança no comércio mundial de alimentos.
Para a Rússia e a Ucrânia, também grandes produtores agrícolas, o relatório projeta crescimento intenso, de 26% e 29%, respectivamente, nos próximos dez anos.
Do lado das importações, grandes consumidores mundiais, como a Índia e a China, devem integrar-se mais ao mercado mundial e a China, em particular, deve procurar diversificar suas fontes de abastecimento, o que pode provocar uma mudança no fluxo global de alimentos.
A FAO e a OCDE preveem um crescimento econômico mais intenso nos próximos dez anos, com o crescimento da renda per capita mundial, o que deverá estimular a demanda por alimentos e o seu comércio internacional.
Uma das consequências desses fatos será a alta dos preços dos produtos agrícolas.
Mesmo assim, na média, não deverão ser superados os preços recordes registrados nos três últimos anos.
O preço mundial do açúcar projetado para 2019, por exemplo, é maior do que o preço médio observado na década passada, mas inferior ao recorde atingido no fim de 2009. A participação da produção brasileira será notável nos resultados do comércio mundial de alguns produtos nos próximos anos.
O comércio mundial de carnes deve crescer 22% até 2019 e, desse aumento, o Brasil responderá por grande parte, pois suas exportações alcançarão um terço do total mundial e 63% das vendas fora dos países desenvolvidos.
No caso do açúcar, a supremacia brasileira no comércio mundial será fortalecida. A produção nacional, segundo o relatório elaborado pela FAO e pela OCDE, deverá aumentar 11 milhões de toneladas, com crescimento de 31%, até 2019. A
s vendas externas brasileiras deverão aumentar 41%, com o que o País passará a responder por metade do comércio mundial do produto.
O Brasil será também o maior fornecedor de etanol, cujo comércio mundial deverá triplicar nos próximos dez anos.
Os Estados Unidos continuarão sendo os maiores produtores de oleaginosas, mas, do crescimento de seu comércio mundial nos próximos anos, o Brasil responderá por cerca de 70%, com o que aumentará sua fatia de 26% para 35% das exportações totais.
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