Antenor Pereira Giovannini (*)
O gato corre do cachorro ou o cachorro corre do gato ou ainda nenhum dos dois sabe quem corre de quem?
Parece absurdo, mas, diariamente a mídia em geral gasta tempo, papel, imagem com três casos lamentáveis que envolvem mortes brutais de três pessoas. E, o que é pior, ninguém sabe efetivamente o que aconteceu e como aconteceu cada caso, mostrando de certa forma que os investigadores estão mais preocupados no que focalizar para a mídia do que propriamente desvendar o que aconteceu com exatidão. E na contramão da história existem atalhos dentro da lei criminal que fazem com que leigos como a grande maioria, se perguntem: mas que lei é essa?
O primeiro o caso é o de Bruno ex goleiro do Flamengo. Afinal quem fez o quê, quem é o responsável, em qual depoimento existe veracidade? Um mês de idas e vindas e histórias de “aparece a moça, mas não é a mesma moça, mas alguém viu o que aconteceu, outro não viu” e de repente, um novo depoimento de alguém que dava detalhes contundentes é desmentido e surge uma nova versão. Afinal como fica a policia nisso? Como se pode admitir que, depois de tanto tempo e tanta investigação, ainda se dependa do que alguém envolvido tem a dizer quando, efetivamente, as investigações e laudos já deveriam estar apontando a realidade dos fatos.
O segundo caso envolve a advogada nissei que foi encontrada numa represa próxima a São Paulo e seu carro também mergulhado na mesma represa. Tal qual o primeiro caso citado, depois de um tempão em que parte das investigações foi realizada pelo próprio irmão da vítima, não há definição sobre se o sujeito de quem a policia suspeita é ou não responsável pela morte. A policia pediu a prisão preventiva e um juiz negou. Afinal as provas não deveriam ser suficientemente contundente para que um juiz decretasse a sua prisão? Ou estou errado. Há uma confissão de outro suspeito e que de repente seu depoimento é mudado de forma radical.
O terceiro é a morte de um jovem músico filho de uma atriz quando andava de skate por um túnel supostamente fechado para obras, morte essa provocada por um carro que estaria efetuando um racha com outro carro. Um monte de gente arrolada e surge no meio do caminho uma pedra e essa pedra são os policiais que extorquiram ou tentaram extorquir o motorista infrator. De repente a morte do rapaz passa a ser secundária e se prioriza esse crime de extorsão ou tentativa. Gradativamente os acusados pelo atropelamento já intencionalmente traçam outro caminho transferindo a responsabilidade pelo ato e pela conseqüente morte, para um eventual ato de extorsão. Um negócio de doido.
Colocando tudo isso num liquidificador chega-se a conclusão que o suco que se forma é de uma confusão generalizada e que não existe um principio de trabalho, uma linha de trabalho, uma eficácia de trabalho, uma conscientização séria sobre o trabalho, principalmente no que tange a definir metas e objetivos antes de qualquer pronunciamento, muitas vezes circense e espetaculoso, desnecessário, causando apenas furor de “audiência” para a mídia em geral.
Será esse o real papel investigativo para que se tenha a veracidade dos fatos e uma conclusão que possa gerar, para a população, algum grau de credibilidade na isenção e imparcialidade na apuração e principalmente que o resultado final reflita realmente o que ocorreu com a conseqüente punição exemplar dos responsáveis? Temos isso nesses três lamentáveis episódios?
Tivemos a bem pouco tempo o julgamento dos Nardoni que, sem uma confissão, deu margem a uma série de dúvidas sobre se efetivamente o casal matou a pequena Isabela. Foram julgados e condenados segundo os “experts” em cima de provas periciais indiscutíveis, mas, e sempre fica o” mas”, sem a confissão real, a pontinha de desconfiança sempre fica.
Nesses três casos nota-se que o andamento das investigações e o dia a dia informado na mídia faz com que haja mais preocupação com aparições na mídia , inclusive com caras e bocas de delegados , do que afirmações com convicção e provas irrefutáveis acerca de quem sejam os verdadeiros responsáveis, assim como de que forma cometeram ais crimes. É o que se espera que aconteça.
(*) Aposentado e agora comerciante morador em Santarém
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