Instrução é uma coisa, educação é outra bem diferente. A escola é um espaço feito para educar, embora muitas delas sejam apenas para instruir. Um aspecto do aprendizado educativo é a prática da democracia.
Quando uma escola é controlada pelo patrão, ou patroa, ali já fere o sentido da educação porque os estudantes não aprendem a debater as regras do jogo da convivência democrática dentro da escola, eles apenas recebem ordens.
Agora começa a mudar o sistema com uma boa notícia para as escolas municipais de Santarém. Os e as diretoras das escolas do município serão eleitos por dois anos, não mais pela Secretaria de Educação, mas por alunos, pais e professores. Eis aí uma experiência de democracia escolar.
Todos da escola vão começar a aprender a exercer democracia, o que lhes será útil para praticar a participação na vida comunitária, política e até familiar.
Democracia ensina a pessoa a conviver com o diferente, a respeitar o ponto de vista do outro e a caminhar com o grupo, mesmo quando a sua opinião não concordar com a maioria. Quando o aprendizado da democracia começar a funcionar nas escolas municipais, alunos, pais e professores aprenderão a se responsabilizar pela escola e não só pela escolha do ou da diretora, e esta não mais será submissa à Secretaria de Educação, mas também aprenderá a conviver com opiniões diferentes.
Dado que a maioria dos políticos de hoje trabalham com interesses antidemocráticos isso ocorre porque não aprenderam desde criança na escola e na família. Aprenderam certamente a lei do: “Faça o que mando e não faça o que eu faço”.
Por isso, essa decisão do município de Santarém, de deixar que diretores de seus educandários sejam eleitos por dois anos pelos envolvidos na própria escola, merece todo apoio da sociedade, a começar por pais e professores. Todos só têm a ganhar, mesmo que de início haja dificuldades no aprendizado. Democracia é um longo aprendizado, que quando iniciado desde criança, mais seguro será.
(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural de Santarém
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