quinta-feira, 7 de julho de 2011

"Puxadinho" no mar

Capital da Dinamarca terá bairro em cima do oceano

Sabine Righetti para Folha de São Paulo

Copenhague não tem mais para onde crescer sem invadir áreas verdes. Por isso, a prefeitura resolveu fazer um "puxadinho" no mar. A área será uma extensão de Nordhavnen, uma região portuária importante que fica no norte da Copenhague. Será o equivalente a 200 estádios de futebol construídos sobre o mar, por meio de aterros que criarão ilhotas.

Os trechos habitados do arquipélago artificial serão cortados por canais e pontes.

As obras devem começar já neste ano. A previsão é que uma primeira parte fique pronta em 2025. Mas a conclusão do projeto deve acontecer somente em 2050.
"Não podemos reduzir as áreas verdes para construir mais casas e precisaremos de mais moradia nos próximos anos", explica Jørgen Abildgaard, coordenador de assuntos climáticos da prefeitura de Copenhague.

CRESCIMENTO MODESTO
Até 2025, a cidade deve atrair pelo menos mais 60 mil moradores -nascidos na capital ou vindos de outras cidades e países. Hoje, Copenhague tem muitos parques e ampla reserva florestal na parte sul da cidade, ao lado do aeroporto. A legislação local também impede a cidade de "crescer para cima": os prédios da capital dinamarquesa não podem ter mais de seis andares.

A única exceção para a regra será um prédio da ONU com 20 andares, que será construído em Nordhavnen.
A ideia é que pelo menos 40 mil pessoas morem na nova área, que também terá uma área empresarial.

As ciclofaixas deverão ser parte importante do traçado da nova Nordhavnen. Hoje, 36% da população de Copenhague usa a bicicleta como principal meio de transporte.
O custo da obra, que ainda não está totalmente estimado, será dividido entre o governo e as empresas que se instalarem na região. A proposta do grande "porto-puxadinho" no mar surgiu em uma competição de ideias, organizada pela prefeitura da capital. O objetivo era saber o que os dinamarqueses propunham para que a cidade ganhasse mais espaço sem reduzir áreas verdes. O puxadinho acabou ficando em primeiro lugar.

O projeto foi formulado de maneira a levar em conta uma possível invasão da água, caso os níveis do oceano subam por causa do aquecimento global.
"Não podemos negar os possíveis efeitos das mudanças climáticas para o país. Já estamos fazendo projetos para lidar com o aumento do nível da água em Copenhague", conclui Abildgaard.

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