Maluf ameaça voltar a ser candidato a prefeito. Se hipoteticamente eleito, seria preso se desembarcasse em 186 países. Veja por quê
Blog do Ricardo Setti (*)
Amigos do blog, o homem não sossega. Uma vez mais, o inevitável deputado Paulo Maluf (PP-SP) ameaça: pode vir a ser, de novo, candidato a prefeito de São Paulo.
A coisa ainda não está decidida (leia no site de VEJA), até porque Deus sabe o que vai ocorrer até 2014, ano das eleições presidenciais, para os governos estaduais, o Congresso e as assembleias legislativas. Por via das dúvidas, e enquanto isso, Maluf vai colocando seu pé em diferentes canoas. Agora ele é amiguinho do governador tucano Geraldo Alckmin, e fez indicações para o governo estadual, que o PP apoia. Por outro lado, ele vem apoiando as articulações em favor da candidatura do deputado Gabriel Chalita a prefeito da capital pelo PMDB, outrora, como os tucanos, seu adversário no Estado.
Essa candidatura, se vingar, terá um toque inédito: será o primeiro aspirante à Prefeitura a ser procurado como foragido da Justiça em 186 países do mundo. Se teoricamente ele fosse eleito, o prefeito do mais importante Estado brasileiro só poderia visitar, sem ser preso, 7 países que aparecem em vermelho no mapa acima: a Coreia do Norte, os Estados Federados da Micronésia, as Ilhas Salomão, Kiribati, Palau, Tuvalu ou Vanuatu. A presença do Brasil no mapa múndi está explicada abaixo.
Ordem de captura internacional da Interpol
Os 7 países citados são os únicos do planeta não filiados à Interpol e nos quais, portanto, ele não corre o risco de ser preso ao desembarcar, devido à a ordem internacional de capura que tem contra si em decorrência de processo que sofre desde 2007 na Justiça de Nova York. (Ele não pode ser preso no Brasil porque o pedido é da Justiça dos Estados Unidos e o país, segundo a Constituição, não concede a extradição de seus nacionais).
Maluf teve sua ordem de captura expedida pela Justiça americana para a Interpol em 2007, sob acusação de conspiração, fraude e roubalheira de dinheiro público por, como prefeito (1993-1997), ter, entre outras coisas, supostamente desviado recursos das obras da Avenida Jornalista Roberto Marinho (ex-Água Espraiada) para contas em entidades financeiras de Nova York e, de lá, para paraísos fiscais e outros destinos.
O mais novo amigão do governador tucano de São Paulo, Geraldo Alckmin, que recentemente compareceu, com outras figuras venerandas da República, à posse de Maluf como presidente do PP de São Paulo – sim, Maluf, até há pouco visto como o que de pior poderia haver em matéria de comportamento político, e que passou 40 dias preso numa carceragem da Polícia Federal em 2005 –, esse amigão de Alckmin e da presidente Dilma, do vice Michel Temer, não pode desembarcar sem ser preso nos seguintes 186 países:
Se visitar qualquer desses países, será preso
Afeganistão, África do Sul, Albânia, Alemanha, Andorra, Angola, Antigua & Barbuda, Antilhas Holandesas, Arábia Saudita, Argélia, Argentina, Armênia, Aruba, Austrália, Áustria, Azerbaijão, Bahamas, Bahrein, Bangladesh, Barbados, Bélgica, Belize, Benin, Butão, Bielorrússia, Bolívia, Bósnia e Herzegóvina, Botswana, Brunei, Bulgária, Burkina-Faso, Burundi, Cabo Verde, Camarões, Camboja, Canadá, Catar, Cazaquistão, Chade, Cingapura, Chile, China, Colômbia, Comores, Congo, Congo, Costa Rica, Coreia do Sul, Costa do Marfim, Croácia, Cuba, Chipre, Dinamarca, Djibouti, Egito, El Salvador, Emirados Árabes Unidos, Equador, Eritreia, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estônia, Etiópia, Fiji, Finlândia, Filipinas, França, Gabão, Gâmbia, Geórgia, Gana, Grécia, Granada, Guatemala, Guiné, Guiné Bissau, Guiné Equatorial, Guiana, Haiti, Holanda, Honduras, Hungria, Iêmen, Ilhas Marshall, Índia, Indonésia, Irã, Iraque, Irlanda, Islândia, Israel, Itália, Jamaica, Japão, Jordânia, Kuwait, Laos, Lesoto, Letônia, Líbano, Libéria, Líbia, Liechtenstein, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia, Madagascar, Malásia, Malawi, Mali, Maldivas, Malta, Marrocos, Maurício, Mauritânia, México, Mianmar, Moçambique, Moldova, Mônaco, Mongólia, Montenegro, Namíbia, Nauru, Nepal, Nicarágua, Níger, Nigéria, Noruega, Nova Zelândia, Oman, Panamá, Paquistão, Papua Nova Guiné, Paraguai, Peru, Polônia, Portugal, Quênia, Quirguistão, Reino Unido, República Centro-Africana, República Checa, República Dominicana, Romênia, Rússia, Ruanda, Sta. Lucia, St. Kitts & Nevis, St. Vincent & Granadinas, Samoa, San Marino, São Tomé & Principe, Senegal, Sérvia, Seychelles, Serra Leoa, Somália, Síria, Sri Lanka, Suazilândia, Sudão, Suécia, Suíça, Suriname, Tailândia, Tajiquistão, Tanzânia, Timor Leste, Togo, Tonga, Trinidad & Tobago, Tunísia, Turquia, Turcomenistão, Uganda, Ucrânia, Uruguai, Uzbequistão, Vaticano,Venezuela, Vietnã, Zâmbia e Zimbábue.
(*) Jornalista é colunista do site No mínimo , do Observatório da Imprensa, da Revista Veja.
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