Eliane Cantanhêde (*)
Com o mundo de pernas para o ar, a potência insegura e a Europa em crise, o Brasil vai se dando bem e firmando a imagem de país confiável e seguro. Inclusive, ou principalmente, para investimentos.
Segundo dados da Unctad, agência da ONU para comércio e desenvolvimento, o Brasil pulou de 15º para 5º lugar no ranking de países que mais receberam investimentos diretos. Foram quase US$ 50 bilhões no ano passado, 85% a mais que o ano anterior.
É por isso que, mal assumiu o cargo, em junho passado, e o ministro de Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Portas, já bate em Brasília. Portugal, um dos países europeus em crise, acaba de receber uma bolada de 78 bilhões de euros da Comissão Europeia, do Banco Central Europeu e do FMI. Mas isso tem preço.
Um dos preços, além de enxugar gastos públicos, até com corte de salários do funcionalismo, é apresentar um pacotaço de privatizações. Serão vendidas a TAP, de aviação, a Galp, de petróleo e todo o resto, incluindo energia e seguros.
A pretensão portuguesa é obter 6,5 bilhões de euros e reduzir o deficit das contas públicas de 9,1% em 2010 para 3% em 2013.
Quem vai comprar? O novo gabinete português acha que o Brasil tem boas condições e ótimos potenciais compradores. A ver.
PS - Uma curiosidade: sabe aquele super aparelho que detectou saquinhos de cocaína no estômago de um grupo de africanos no aeroporto de Guarulhos? Pois é, foi um presente do governo dos EUA para o Brasil. Não porque os americanos sejam bonzinhos, mas porque a droga passa pelo Brasil, vai para a África e chega nos EUA. É o efeito bumerangue.
(*) Jornalista é colunista da Folha de São Paulo desde 1997
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