segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ano péssimo para Imprensa


O cêrco na Imprensa do Mundo no ano de 2009
Jornalistas do mundo inteiro tiveram um motivo a mais para entoar o tradicional “adeus ano velho” neste réveillon. Um relatório publicado pela ONG Repórteres Sem Fronteira mostra que 2009 entrou para história como um dos anos mais sangrentos e difíceis aos profissionais da área de comunicação – repórteres, radialistas, fotojornalistas, cinegrafistas, blogueiros e afins.

Ao todo, 76 jornalistas foram assassinados (16 a mais que em 2008); 33 acabaram sequestrados; 573, detidos; 1456, ameaçados. Não menos preocupante, 570 empresas de comunicação ao redor do mundo foram censuradas em 2009 – incluindo o Grupo Estado, proibido pela Justiça de publicar matérias sobre a operação Boi Barrica da Polícia Federal, que investiga as ações de Fernando Sarney – e o número de países que impõem limites ao acesso à internet (ou seja, censura) foi de 37 para 60.

O documento relembra ações contra a imprensa que ganharam destaque ao longo de 2009. Logo no começo do ano, enquanto conduzia uma violenta onda de bombardeios que culminou em uma invasão por terra da Faixa de Gaza, Israel proibiu repórteres de entrar no território palestino para relatar a tragédia humana. As poucas informações vinham de jornalistas palestinos, trancafiados em Gaza, que enviavam matérias e fotos para jornais de todo mundo.

Em julho o Irã iniciou uma nova modalidade de mordaça, cujo alvo foi a web – sobretudo o Twitter e o Facebook. Embora o regime de Teerã tenha derrubado o acesso a esses serviços, centenas de milhares de manifestantes foram às ruas após dissidentes orquestrarem protestos por meio da rede. Mensagens de celular também foram bloqueadas, mas a censura – feita com aparelhos ultramodernos europeus, diga-se – mostrou-se incapaz de frear a multidão. Sobre o jornalismo virtual, 151 ciberdissidentes e blogueiros foram presos em 2009 (151% a mais que em 2008), segundo o estudo.

A ONG também cita casos menos conhecidos, porém não menos escabrosos, de repressão a jornalistas. Nas Filipinas, por exemplo, uma milícia matou 30 repórteres de uma vez só. Militantes islâmicos da Somália se especializaram na perseguição a radialistas, um dos poucos formadores de opinião que restaram no país.
2010 começa com várias guerras inacabadas e crises violentíssimas (Iraque, Afeganistão-Paquistão, Sri Lanka, Congo, Sudão, Colômbia, México…). 
Será hora de cantar “feliz ano novo”?

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