Padre Edilberto Sena (*)
Dia 14 de dezembro foi a data final para vereadores aprovarem o orçamento municipal para o próximo ano. Ou os vereadores aprovavam nesse dia, ou perderiam parte desuas prolongadas férias.
Quem está preocupado com a aprovação, ou não do orçamento municipal? Talvez alguns vereadores, por seus compromissos partidários e mais ninguém.
São vários os motivos para tanta indiferença: primeiro, porque a sociedade civil organizada não teve oportunidade de conhecer e discutir o projeto orçamentário. O propalado antigamente orçamento
participativo, foi apenas um sonho ilusório, sem pé nem cabeça, uma propaganda enganosa que veio e se foi. Outro motivo para a indiferença sobre o projeto de orçamento municipal 2010 é que em si ele é uma peça de ficção. Nem os vereadores, nem a prefeita garantem que os 400 e poucos milhões de reais sonhados, sejam executados, que são apenas uma previsão, comparado assim com o dono do galinheiro que conta com o ovo no ovário da galhinha para comprar o remédio da doente.
O orçamento municipal é um desejo, ou talvez, nem isso, mas meramente um ritual formal de cada fim de ano, sem o qual a máquina executiva não pode funcionar no ano seguinte.Também que sem sua aprovação os vereadores perdem parte de suas férias.
Caso a sociedade civil organizada tivesse tido oportunidade de discutir a formação do orçamento, provavelmente as prioridades de políticas públicas teriam recursos diferentes do que está na peça em discussão hoje na Câmara de vereadores. Como isso não aconteceu, não se sabe quanto está previsto para a agricultura familiar, quanto para meio ambiente e nem quanto para melhorar as casas familiar rural.
Não adianta alguém se defender dizendo que o projeto está disponível na Câmara de vereadores ou na prefeitura. É uma pena que amplia a cada ano o distanciamento entre os gestores públicos e a população.
Assim, a democracia se torna também obra de ficção, sem perspectiva.
(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural de Santarém
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