quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O meu presente?


Jairo Marques (*)
O que presentear esse “meu povo”, os “ziminos”, esse pessoal que me acompanha dia após dia e que tanto gosta das tortas letras? (pelo menos boa parte deles! )

Pensei em dar uma rampa imaginária que ligaria todas as dificuldades de acesso a um lugar onde ir e vir seria algo natural e possível pra todo mundo, mas ainda não pude construir...
Mais tarde, eu pensei em dar um poção que retirasse da pessoa com deficiência todos os estigmas que atrapalham e nos fazem ser vistos de forma distorcida, o que acaba dificultando nossa interação social, cultural, emocional, mas o tempo foi pouco para prepará-la...

Aí me veio a ideia de escrever e dar a vocês um livro meio mágico cujas palavras pudessem prover, de imediato, mudanças de atitude em todos que por ventura o tocasse. Dessa forma, os “malacabados” teriam chances de atuar em qualquer setor que desejasse, sem cara feia, sem desconfiança, sem ser alvo de caridade. Travei logo no primeiro capítulo...

Por fim, quis produzir uma pílula que nos protegesse dos preconceitos, que nos desse a força do “rambo” para retirar os carros estacionados em vagas reservadas , que nos munisse de uma voz bem potente para que os políticos, que a sociedade e a Justiça nos ouvissem e entendessem de vez as nossas peculiaridades, nossas necessidades. Também, não deu pra fabricar...

Queria ter feito um presente bonito como agradecimento às inúmeras vezes em que recebi frases singelas, mas que me emocionaramm, encheram o meu coração de alegria, me “alumiaram” o dia, me lotaram de esperança e motivação: “adoro esse blog”; “agora eu sei que...”, “estou com vocês nessa”, “eu consegui fazer”, “eu quero fazer...”.

Podem ter certeza, meus inigualáveis leitores, que o meu desejo era dar o presente que cada um de vocês precisa neste Natal para continuarem me ajudando, me empurrando e me inspirando na batalha para conquistar um mundo mais justo: fosse ele coragem, fosse ele uma chance, fosse ele um amor, fosse ele um novo movimento, fosse ele um novo barulho, uma nova imagem, um conselho, uma dica, uma risada (isso eu consigo, às vezes, né, não? ), uma inspiração, um caminho...

Contudo, só consegui mesmo, por enquanto, reservar mais um texto simples para a prestigiosa leitura de vocês. Para todos que são, “assim como eu”, desejo um feliz Natal, o melhor a seu jeito...
Nesta semana, saio de recesso por alguns dias e vou dar uma sumidinha. A kombi já ta lotada, os “menino” já tão arrumado, de cabelo penteado e a matula já ta no jeito para eu ir visitar a “famiagi” lá nas “Trelagoa”! Volto antes do ano virar, se a pinga deixar ...
Beijo nas crianças...

(*) É formado em jornalismo pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e pós-graduado em jornalismo-social pela PUC-SP.
Trabalha na Folha de São Paulo desde 1999 e é cadeirante.

Nota do Blog - Para você e sua familia também caro Jairo. 
Não esmoreça e continue com essa cabeça incrivel e lutando pelos direitos dos deficiêntes desse País através de sua coluna, de seus escritos, do seu site. 
Lamentavelmente continuaremos assistindo a tudo isso que você deseja que sumisse. 
Aqui, na minha cidade de Santarém, é tão visivel esse desrespeito que se imagina que não tenhamos deficiêntes visuais, que não tenhamos deficiêntes físicos, que não tenhamos cadeirantes que nem você, que sofrem diuturnamente com a falta de respeito proporcionado pelos responsáveis da cidade em não concederem a eles o direito de irem e virem sem que seja necessário alguma ajuda de terceiros. 
Não temos calçadas, não temos rampas, não temos acessos condizentes, e nem vergonha mais nós temos por tratar tal mal nossos deficiêntes, a ponto de construirem uma ligação para um mezanino sem qualquer preocupação com esses deficiêntes como se eles não existissem, o que na verdade para nossos governantes, eles não existem. 
Feliz Natal e Bom 2010 caro Jairo.

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