Atores da cadeia produtiva da rã unem-se para alavancar atividade
Organização da cadeia produtiva, exploração de nichos de mercado, visibilidade social e política e novas tecnologias para aproveitamento dos descartes como ração animal.
Estas foram as principais conclusões do Workshop sobre Mercado para Carne de Rã promovido pela Embrapa Agroindústria de Alimentos esta semana. Pesquisadores, produtores e empresários do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná que participaram do evento firmaram compromissos para colocar a ranicultura em outro patamar.
Segundo André Muniz Afonso, da Universidade Federal do Paraná, o que falta para a ranicultura é volume para escala comercial. “Mesmo assim, encontramos em nichos de mercado nacional produtos como salsicha, hambúrguer, linguiça e conservas além de pele sen do usada em acessórios de couro ou aplicada como biocurativos como em Goiás. No entanto, muita coisa ainda é desperdiçada como vísceras, cabeça e patas. Esse material poderia ser empregado como ração animal de excelente qualidade nutricional pois tem alto teor mineral”, explicou.
A opinião é compartilhada por Izolda Martins Viriato, diretora da Coopercramma. “Abatemos mais de 2 toneladas de rã por mês para açougues, delicatessens e restaurantes do Rio de Janeiro e é difícil atender a demanda por falta de matéria-prima”. Para não ficar na ociosidade, a cooperativa também trabalha com carne de jacaré e tilápia, mas é a rã que dá maior retorno financeiro. “Vendemos coxa a R$ 35 o quilo no atacado”. Para Leandro Di Petro, da Ranaville, tão importante quanto reconhecer os gargalos e ter disposição para superá-los é trabalhar pela representação da atividade na aquicultura. “A organização da cadeia é fundamental para garantir escala e marketing, mas é preciso ganhar também peso político para que os entraves burocráticos sejam minimizados”.
De acordo com dados do Ibama, a produção anual de carne de rã chegou a 603 toneladas em 2007. São Paulo, Goiás e Rio de Janeiro são os principais estados produtores. No Brasil, a rã touro é a mais indicada para criação em função da precocidade e rusticidade. “Em sete meses, o animal atinge o ponto de abate.
No Canadá, de onde a espécie é originária, são necessários sete anos”, explicou Cláudia Maris Mostério, do Instituto de Pes ca de São Paulo.
Na avaliação de André Yves Cribb, pesquisador da Embrapa, o workshop conseguiu agregar atores importantes da cadeia produtiva e que estão motivados para trabalhar juntos. “Outro ganho do evento foi o interesse dos empresários pela transferência de tecnologia da Embrapa para produção de alimentos a partir da carne do dorso de rã como salsicha, patês e conservas”, afirmou.
Os participantes do evento devem criar em breve um site para dar visibilidade a novos projetos e atividades.
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