Marina virou o pesadelo de Dilma e o sonho de Serra
Josias de Souza (*)A principal novidade da reta final da eleição se chama Marina Silva. A presidenciável do PV divide o estrelado com Erenice Guerra.
Marina tornou-se a principal beneficiária do ‘Erenicegate’. Recolhe a maioria dos votos que o escândalo suga do cesto de Dilma Rousseff.
A seis dias da eleição, Marina não exibe musculatura eleitoral capaz de içá-la ao segundo turno. Opera contra ela o relógio. Porém...
Porém, ao escalar sobre Dilma, Marina termina por favorecer José Serra, o segundo colocado das sondagens eleitorais.
A chance de a eleição migrar para o segundo turno –pesadelo de Dilma e sonho de Serra— parece escorada, por ora, no “fator Marina”.
Em duas semanas, a candidata do PV subiu três pontos percentuais no Datafolha. Foi de 11% para 13%. E daí para os atuais 14%.
No mesmo perído, Dilma escorregou cinco pontos. Na semana passada, descera de 51% para 49%. Agora, foi 46%.
Serra, que oscilara positivamente de 27% para 28% manteve-se no mesmo patamar no Datafolha que veio à luz nesta terça.
Considerando-se apenas os votos válidos, Marina já soma 16%. Empurrada por Erenice, ela subverte todas as previsões de Lula.
O patrono de Dilma estimara que Marina chegaria ao dia da eleição como uma espécie de sub-Heloisa Helena. Dá-se o oposto.
Em vez de definhar, Marina cresce. Pior: para desassossego de Lula, a ex-petista belisca votos de Dilma, não de Serra.
Vem daí, sobretudo, o fantasma que acomoda no caminho de Dilma o risco do segundo turno –uma pedra que parecia improvável antes de Erenice.
Se mantiver a curva de alta, a ambientalista Marina pode levar ao prato da balança eleitoral a folha que vai mover o pêndulo.
Num cenário assim, de votação apertada, os ataques a Marina podem surtir o efeito de um bumerangue.
No penúltimo debate, levado ao ar pela Record na véspera da nova pesquisa, Marina mostrou-se mais desenvolta que o habitual.
Fustigou Serra e Dilma. Defendeu-se de Plínio de Arruda Sampaio. Contra Dilma, Marina levou aos holofotes Erenice, mola de seu crescimento.
Evocou o mensalão. E disse que, sob Lula, a Casa Civil tornou-se escândalo recorrente. Pespegou: Que providências você adotou para evitar, Dilma?
Ao responder, a protegida de Lula levou a mão ao tacape. Lembrou a Marina sua condição de ex-ministra.
Afirmou que, sob a gestão da ex-colega de Esplanada, servidores da pasta do Meio Ambiente foram pilhados mercadejando madeira ilegalente.
“Tomei as mesmas providências que você”, Dilma devolveu, lembrando que a reação vigorosa nem sempre oferece garantias contra a reincidência.
Festejado pelos operadores de sua campanha, o contraataque de Dilma pode, a essa altura, funcionar como gol contra. Por quê?
Dilma não perdeu a condição de favorita. Mas a hipótese do segundo turno, antes improvável, deixou de ser negligenciável.
Marina tampouco perdeu o semblante de zebra. Mas, confirmando-se o segundo round, o apoio dela será mercadoria das mais cobiçadas.
De concreto, por ora, apenas uma evidência: seja qual for o resultado da eleição, com um turno ou com dois, Marina sairá da disputa maior do que entrou.
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