Como tudo feito no Brasil atual é na base da surdina, dos acordos extra-campos, com "milagreiros" saídos sabe lá de onde, tentamos entender essa história da capitalização da Petrobrás.
Vários jornalistas já se debruçaram e rabiscaram vários textos, sendo o último do jornalista Marco Antonio Rocha, na edição do hoje do Jornal O Estado de São Paulo sob o título Como foi, mesmo esse maior negócio do Mundo?.
Um grande amigo meu trocou em miúdos num linguajar menos economês mais essa salada brasileira feita em Brasília.
O que aconteceu foi um lançamento de ações no valor de R$120 bilhões e, como era mais do que previsível, o atual ocupante da cadeira presidencial e Pai de Deus já está por aí arrotando que foi “o maior negócio da história do capitalismo mundial”. A entender:
Desse montante todo, uma parcela de cerca de R$74 bilhões foi subscrita pelo próprio governo federal, por intermédio de entidades como Caixa Econômica, BNDES. Fundos de pensão, etc. E, de que forma? Como todos já sabem, pois foi alardeado como a salvação da lavoura nacional, a Petrobrás descobriu o Pré-Sal, aquela camada de petróleo enfiada a 8 mil de profundidade no mar. Graças a essa descoberta e de acordo com as regras legais, a União tem, automaticamente, direito a uma parcela disso. Em outras palavras, quando o petróleo começar a sair do fundo do mar, a União terá direito a uma parcela disso tudo. Essa parcela foi estimada em 5 bilhões de barris.
Como a União tem direito a essa parcela de petróleo, a Petrobrás, automaticamente, se tornou devedora da União e a União se tornou credora da Petrobrás. Alguém poderá perguntar: muito bem, a União tem direito a uma parcela do que está lá no fundo do mar, mas como se sabe que isso corresponde a 5 bilhões de barris? E, continua a pergunta, mesmo que se tenha certeza que são 5 bilhões de barris, como se sabe qual será o valor disso? Bem, para isso existem as estimativas, os cálculos, etc, etc, etc.
O que se fez, então? Ora, se a União é credora da Petrobrás em alguma coisa equivalente a 5 bilhões de barris, vamos calcular o valor desse crédito e capitalizar. Esse procedimento é legal e contabilmente correto e não pesa qualquer dúvida em relação a ele. Transformar créditos em capital é algo bastante comum nas empresas. O que fica um pouco complicado é que se possa capitalizar um crédito que, além de incerto (quem garante que se vai tirar petróleo do Pré-Sal? Quem garante que vai se conseguir tirar quantidade necessária para que a parcela da União corresponda, mesmo, a 5 bilhões de barris? Quem sabe dizer com certeza que valor terão esses 5 bilhões de barris quando eles aparecerem (se aparecerem, é claro)?
Fica a pergunta: Uma auditória séria e comprometida com a verdade assinaria um laudo nesses termos?
E nunca se esquecendo que a galera que tinha ações da Petrobrás, inclusive comprada com recursos do FGTS, ficou ainda mais minoritária .
Nota do Blog : Viva o Brasil!!!! Viva Petrobrás! Via o Pré-Sal? Viva o Pós-Sal?
Obrigado, já me trouxeram o nariz
Em tempo : Por outro lado um outro amigo administrador e contabilista de mão cheia, retruca que nunca se inclui em um balanço (contabilidade), ou em um patrimônio, alguma coisa que se presume ter. Pois como se diz nos meios financeiros o patrimônio estaria inflado sem lastro, haja visto que os barris de petróleo somente serão realizados (em resumo, quando a grana entrar no bolso) quando estes foram retirados do fundo do mar, vendidos e o dinheiro entrar no caixa.
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