Protesto contra PEC 37 ganha corpo e vira ato de oposição a Dilma em São Paulo
Bob Fernandes (*)
Eram 14h50 deste sábado (22) quando algumas centenas de pessoas começaram a se aglomerar em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP). O objetivo inicial, segundo os vários movimentos organizadores, era protestar contra a Proposta de Emenda Constitucional 37/2011, a chamada PEC 37, que limita o poder de investigação do Ministério Público.
O que se viu ao longo da tarde, porém, foi o número de manifestantes aumentar significativamente e o protesto se voltar contra o governo da presidente Dilma Rousseff e seu partido, o PT. Às 16h30, a Polícia Militar falava em 4 mil pessoas na manifestação. Uma hora e meia depois, a assessoria da PM estimava que 30 mil participavam do protesto. Às 21h, o dado chegava a 35 mil.
Maquiadas, com os cabelos lisos e roupas esportivas das marcas Nike e Adidas, cinco meninas caminhavam com euforia entre os manifestantes. Estudantes de Direito, todas faziam parte da confecção de uma faixa em que era escrito, ali mesmo, com pincel e tintas no chão do vão livre do MASP: "Enterrem a PEC 37". Com o rosto pintado de verde e amarelo, engrossavam o grito de guerra repetido incansavelmente durante as mais de cinco horas de caminhada:
- Vem, vem pra rua, vem, contra o governo!
Organizado por entidades como Dia do Basta, Unidos por um País Melhor (UPPM), Organização de Combate à Corrupção (OCC), Pátria Minha e Revoltados Online, grupo que defende a Ditadura Militar no Brasil, o evento criado no Facebook para o protesto tinha cerca de 230 mil pessoas confirmadas na noite de sexta-feira (21). O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado também convocaram procuradores para participar do ato. E a PM estava preparada para receber até 80 mil pessoas.
- O movimento transbordou o MPF. O povo está na rua e isso é muito bom -, disse o procurador da República Rodrigo de Grandis.
As faixas e cartazes contra a PEC 37 eram muitas, mas o público, formado principalmente por jovens de 20 a 30 anos da chamada classe média tradicional paulistana, não deixou de lado as outras tantas bandeiras que surgiram nos últimos quinze dias de manifestações em todo o Brasil.
Eram contra a corrupção, contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, contra o ex-presidente Lula, contra a impunidade, contra os partidos políticos e a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
- O povo acordou! O povo acordou! - Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!
15h43 e o primeiro grito efetivamente contra a PEC 37.
15h50 e sai a marcha. Paulista sentido Consolação, em direção ao Vale do Anhangabaú.
Questionada por Terra Magazine, uma estudante de Administração de 25 anos explicou porque estava ali:
- Essa é a primeira manifestação que eu venho. E vim porque sou contra a PEC 37. Com a PEC 37, o Supremo Tribunal Federal terá menos força para investigar a corrupção… acho que é isso, fiquei nervosa…
A empresária de 52 anos Luciana Guimarães gritava "Lula, ladrão, você é o chefão" quando também foi perguntada pela reportagem sobre o motivo de sua participação no protesto:
- O Ministério Público tem que ter poder para investigar e deixar o povo conhecer as coisas que acontecem no país. O governo ventila a ideia de adiar o projeto [da PEC 37], mas queremos que ele seja anulado.
A passeata seguiu pela Paulista, tomou as duas pistas da Consolação e, ao chegar ao centro da cidade, dividiu-se: uma parte seguiu para o prédio do Ministério Público – a ideia inicial, abortada, era dar um "abraço coletivo" na construção –, e outra seguiu para a Avenida 23 de Maio e voltou para a Paulista, para encerrar o ato em frente ao MASP.
Alguns manifestantes se dispersaram em frente ao prédio da Prefeitura, após cantarem o Hino Nacional. Segundo a PM, não houve violência ou qualquer ocorrência de vandalismo, e muitas famílias e crianças participaram do protesto.
Foi o segundo dia em que os paulistanos saíram às ruas sem a convocação do Movimento Passe Livre (MPL), que afirma ter conseguido uma "vitória popular" com a revogação do aumento da tarifa do transporte público em São Paulo.
Os diversos movimentos que estavam à frente do protesto deste sábado (22) convocaram outro ato para as 17 horas da próxima quarta-feira (26), com concentração novamente em frente ao MASP.
- Vocês foram show de bola… está tudo na paz -, disse um PM na linha de frente do protesto.
Jovens com camisetas pretas em que se lia "Não à corrupção" aplaudiram o PM:
- Vocês também.
(*) Jornalista foi redator-chefe de CartaCapital.
Bob Fernandes (*)
Eram 14h50 deste sábado (22) quando algumas centenas de pessoas começaram a se aglomerar em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP). O objetivo inicial, segundo os vários movimentos organizadores, era protestar contra a Proposta de Emenda Constitucional 37/2011, a chamada PEC 37, que limita o poder de investigação do Ministério Público.
O que se viu ao longo da tarde, porém, foi o número de manifestantes aumentar significativamente e o protesto se voltar contra o governo da presidente Dilma Rousseff e seu partido, o PT. Às 16h30, a Polícia Militar falava em 4 mil pessoas na manifestação. Uma hora e meia depois, a assessoria da PM estimava que 30 mil participavam do protesto. Às 21h, o dado chegava a 35 mil.
Maquiadas, com os cabelos lisos e roupas esportivas das marcas Nike e Adidas, cinco meninas caminhavam com euforia entre os manifestantes. Estudantes de Direito, todas faziam parte da confecção de uma faixa em que era escrito, ali mesmo, com pincel e tintas no chão do vão livre do MASP: "Enterrem a PEC 37". Com o rosto pintado de verde e amarelo, engrossavam o grito de guerra repetido incansavelmente durante as mais de cinco horas de caminhada:
- Vem, vem pra rua, vem, contra o governo!
Organizado por entidades como Dia do Basta, Unidos por um País Melhor (UPPM), Organização de Combate à Corrupção (OCC), Pátria Minha e Revoltados Online, grupo que defende a Ditadura Militar no Brasil, o evento criado no Facebook para o protesto tinha cerca de 230 mil pessoas confirmadas na noite de sexta-feira (21). O Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado também convocaram procuradores para participar do ato. E a PM estava preparada para receber até 80 mil pessoas.
- O movimento transbordou o MPF. O povo está na rua e isso é muito bom -, disse o procurador da República Rodrigo de Grandis.
As faixas e cartazes contra a PEC 37 eram muitas, mas o público, formado principalmente por jovens de 20 a 30 anos da chamada classe média tradicional paulistana, não deixou de lado as outras tantas bandeiras que surgiram nos últimos quinze dias de manifestações em todo o Brasil.
Eram contra a corrupção, contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, contra o ex-presidente Lula, contra a impunidade, contra os partidos políticos e a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
- O povo acordou! O povo acordou! - Eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor!
15h43 e o primeiro grito efetivamente contra a PEC 37.
15h50 e sai a marcha. Paulista sentido Consolação, em direção ao Vale do Anhangabaú.
Questionada por Terra Magazine, uma estudante de Administração de 25 anos explicou porque estava ali:
- Essa é a primeira manifestação que eu venho. E vim porque sou contra a PEC 37. Com a PEC 37, o Supremo Tribunal Federal terá menos força para investigar a corrupção… acho que é isso, fiquei nervosa…
A empresária de 52 anos Luciana Guimarães gritava "Lula, ladrão, você é o chefão" quando também foi perguntada pela reportagem sobre o motivo de sua participação no protesto:
- O Ministério Público tem que ter poder para investigar e deixar o povo conhecer as coisas que acontecem no país. O governo ventila a ideia de adiar o projeto [da PEC 37], mas queremos que ele seja anulado.
A passeata seguiu pela Paulista, tomou as duas pistas da Consolação e, ao chegar ao centro da cidade, dividiu-se: uma parte seguiu para o prédio do Ministério Público – a ideia inicial, abortada, era dar um "abraço coletivo" na construção –, e outra seguiu para a Avenida 23 de Maio e voltou para a Paulista, para encerrar o ato em frente ao MASP.
Alguns manifestantes se dispersaram em frente ao prédio da Prefeitura, após cantarem o Hino Nacional. Segundo a PM, não houve violência ou qualquer ocorrência de vandalismo, e muitas famílias e crianças participaram do protesto.
Foi o segundo dia em que os paulistanos saíram às ruas sem a convocação do Movimento Passe Livre (MPL), que afirma ter conseguido uma "vitória popular" com a revogação do aumento da tarifa do transporte público em São Paulo.
Os diversos movimentos que estavam à frente do protesto deste sábado (22) convocaram outro ato para as 17 horas da próxima quarta-feira (26), com concentração novamente em frente ao MASP.
- Vocês foram show de bola… está tudo na paz -, disse um PM na linha de frente do protesto.
Jovens com camisetas pretas em que se lia "Não à corrupção" aplaudiram o PM:
- Vocês também.
(*) Jornalista foi redator-chefe de CartaCapital.
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