sábado, 15 de junho de 2013

A coisa está começando a feder ...

Uma tarde de futebol, protesto e caos em Brasília. MTST e estudantes conseguiram. Seus protestos contra o bilionário Mané Garrincha e a Copa do Mundo ganharam o mundo. Polícia tem certeza: tudo se repetirá em Fortaleza…  

Cosme Rímoli (*) 

Brasília... 
Como em São Paulo, as autoridades daqui não sabem como agir. 
Os policiais militares de Brasília estão dando outro vexame. 
Oscilam entre a violência, omissão e até receio dos manifestantes.

Os governantes da capital do País foram incompetentes demais. 
Tudo o que não queriam está acontecendo. 
O clima de medo dominou o ambiente de Brasil e Japão.
Há meses os manifestos estavam sendo arquitetados. 

MST e estudantes queriam usar os holofotes da Copa das Confederações. 
Sabiam que suas reivindicações chegariam a todo o planeta. 
Ontem já havia sido um caos. 
Membros do MST queimaram pneus em frente ao estádio. 

Mostraram faixas, gritaram, tentaram ficar em frente aos portões. 
O desejo era impedir a entrada da Seleção Brasileira, da Japonesa.
Ter toda a atenção da imprensa. 
Foram cerca de 800 pessoas ontem. 


Cenas de terror, com Tropa de Choque, bombas de efeito moral. 
Manifestantes detidos sendo arrastados pelos policiais. 
Fumaça preta cobrindo a entrada do estádio.
Vários foram detidos. 


Se espalhou o boato que pessoas receberiam R$ 30,00 para protestar. 
A cúpula do MST desmentiu e acusou a ação violenta da polícia. 
O protesto de ontem teve consequências.
Fez com que policiais bloqueassem quarteirões em volta do estádio. 

Torcedores tiveram hoje de andar cerca de dois quilômetros até o Mané Garrincha. 
Mesmo com polícia, Batalhão de Choque, Cavalaria, os protestos continuaram. 
Cerca de 500 manifestantes. 
Muitos com camiseta preta e fantasia. 

O motivo era o mesmo do MST. 
Os gastos de R$ 1,5 bilhão com o Mané Garrincha. 
Além disso se diziam solidários aos paulistas. 
Queriam a diminuição do custo dos transportes públicos. 

Desta vez, os manifestantes estavam mais pacíficos. 
Muitos mostravam flores para os soldados. 
Repetiam em coro que brasileiros precisavam de saúde, educação. 
E não Copa do Mundo.

Brasília movimentou cerca de dez mil soldados espalhados pela cidade. 
A ordem era intimidar. 
A imprensa do mundo todo estava acompanhando. 
Os confrontos seriam registrados. 

E foram. 

Bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta. 
E até tiros de bala de borracha. 
Tudo foi usado para manter os manifestantes longe do estádio. 

Os conflitos mais pesados aconteceram entre meio-dia e 14 horas.
Ao mesmo tempo em que os torcedores chegavam para o jogo. 
Foi correria para todo lado. 
A grande preocupação estava com a chegada das seleções. 

Este o grande objetivo dos manifestantes. 
Mas eles foram mantidos longe dos brasileiros e dos japoneses. 
A força. 
Tudo fotografado, filmado. 

Mostrado para o mundo, como os estudantes queriam.
E os policiais de Brasília se anteciparam. 
E tomaram uma medida obrigatória, de prevenção. 
Imploraram para a Seleção Brasileira não voltar ao hotel. 

Manifestantes fariam protesto contra o time de Felipão. 
Ganhando, empatando ou perdendo a partida. 
O importante era denunciar o gasto no Mané Garrincha. 
Os mais de R$ 30 bilhões que a Copa vai consumir. 

A Seleção mudou sua programação. 
Não voltará mais ao hotel. 
Irá direto ao aeroporto embarcar para Fortaleza. 
O clima entre os policiais é de muita tensão. 

Até durante o jogo.
Há um grande medo que aconteça invasões. 
A segurança ao redor do gramado do Mané Garrincha foi reforçado. 
O futebol tem holofotes do mundo todo. 

Os manifestantes não querem desperdiçar a chance. 
A Copa das Confederações mal está começando. 
Mas há a certeza. 
Os protestos não irão parar. 

Policiais do Ceará já estão se preparando. 
Têm informações que manifestantes irão agir na partida contra o México.
Exatamente como fizeram hoje em Brasília. 
Que eles tenham mais competência para lidar com a situação. 

Aqui em Brasília o clima mistura terror com despreparo... 

(*) Jornalista esportivo que trabalhou 22 anos no Jornal da Tarde. Começou com o blog no UOL, em 2009.

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