Cristovam Buarque (*)
Há oito anos a população do Brasil se dedica a construção de estádios para a realização da Copa. Não se pode esperar diferente em um país que já foi chamado de uma “pátria de chuteiras”.
A população do Distrito Federal, por exemplo, ainda não tem times que atraiam torcedores, mas está deslumbrada com um monumental estádio para 71 mil espectadores a custo superior a R$1,6 bilhão. Poucos, porém, fizeram as contas do que significa este custo.
A obra custou R$ 800 para cada um dos brasilienses. Considerando apenas os adultos, o custo subiria para cerca de R$ 3 mil por cada pessoa. Se considerar o dinheiro que deixou de ir para os 208 mil moradores mais necessitados, com rendimentos de até um salário mínimo mensal, o custo foi de cerca de R$ 8 mil, mais ou menos um ano de trabalho de cada um deles.
Com os recursos gastos com o estádio seria possível financiar a formação de 6.800 engenheiros de excelência, desde a primeira série do ensino fundamental em super-escolas de qualidade internacional, ao custo anual de R$ 9 mil por aluno ao ano, pagando R$ 9.500 por mês para cada professor, até o final do curso de Engenharia, em cursos universitários de excelência iguais aos do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
Este número seria maior do que a soma de todos os engenheiros já formados no ITA nos seus 64 anos de funcionamento. Além disso, a formação seria pública, igual para os filhos dos mais pobres e dos mais ricos que tenham vocação e persistência.
Se considerarmos que cada um desses profissionais contribuiria para o desenvolvimento do País e geraria uma renda no mínimo igual ao salário, tomando para efeito de simulação a quantia de R$ 20 mil por mês, o montante gerado ao longo de 35 anos de trabalho, resultaria em renda de aproximadamente R$ 63,6 bilhões. Algo equivalente a 40 estádios similares ao novo Mané Garrincha do Distrito Federal.
Mais importante ainda é que esses profissionais serviriam como base para o desenvolvimento científico e tecnológico que o Brasil tanto necessita.
Se considerarmos o custo de todos os 12 estádios da Copa, atualmente orçados em R$ 7,2 bilhões, e que certamente será maior, deixaremos de formar cerca de 30.400 cientistas e tecnólogos da mais alta qualidade.
Por mais benefícios que traga a Copa, não há dúvida que investir em Ciência e Tecnologia (C&T) seria um melhor uso do dinheiro na construção do futuro do país. Alguns vão dizer que aproximadamente 4 mil trabalhadores receberam seus salários por terem emprego diretamente gerado pela obra no DF, mas estes poderiam ganhar o mesmo construindo hospitais e escolas.
Podem dizer também que as arenas vão permitir atividades esportivas e culturais, mas isto já seria possível com pequenas melhorias nos estádios anteriores.
O Brasil tem muitos problemas, mas um dos mais graves é não fazer contas.
(*) Engenheiro mecânico , economista, educador , professor universitário, e senador da República pelo PDT
Há oito anos a população do Brasil se dedica a construção de estádios para a realização da Copa. Não se pode esperar diferente em um país que já foi chamado de uma “pátria de chuteiras”.
A população do Distrito Federal, por exemplo, ainda não tem times que atraiam torcedores, mas está deslumbrada com um monumental estádio para 71 mil espectadores a custo superior a R$1,6 bilhão. Poucos, porém, fizeram as contas do que significa este custo.
A obra custou R$ 800 para cada um dos brasilienses. Considerando apenas os adultos, o custo subiria para cerca de R$ 3 mil por cada pessoa. Se considerar o dinheiro que deixou de ir para os 208 mil moradores mais necessitados, com rendimentos de até um salário mínimo mensal, o custo foi de cerca de R$ 8 mil, mais ou menos um ano de trabalho de cada um deles.
Com os recursos gastos com o estádio seria possível financiar a formação de 6.800 engenheiros de excelência, desde a primeira série do ensino fundamental em super-escolas de qualidade internacional, ao custo anual de R$ 9 mil por aluno ao ano, pagando R$ 9.500 por mês para cada professor, até o final do curso de Engenharia, em cursos universitários de excelência iguais aos do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).
Este número seria maior do que a soma de todos os engenheiros já formados no ITA nos seus 64 anos de funcionamento. Além disso, a formação seria pública, igual para os filhos dos mais pobres e dos mais ricos que tenham vocação e persistência.
Se considerarmos que cada um desses profissionais contribuiria para o desenvolvimento do País e geraria uma renda no mínimo igual ao salário, tomando para efeito de simulação a quantia de R$ 20 mil por mês, o montante gerado ao longo de 35 anos de trabalho, resultaria em renda de aproximadamente R$ 63,6 bilhões. Algo equivalente a 40 estádios similares ao novo Mané Garrincha do Distrito Federal.
Mais importante ainda é que esses profissionais serviriam como base para o desenvolvimento científico e tecnológico que o Brasil tanto necessita.
Se considerarmos o custo de todos os 12 estádios da Copa, atualmente orçados em R$ 7,2 bilhões, e que certamente será maior, deixaremos de formar cerca de 30.400 cientistas e tecnólogos da mais alta qualidade.
Por mais benefícios que traga a Copa, não há dúvida que investir em Ciência e Tecnologia (C&T) seria um melhor uso do dinheiro na construção do futuro do país. Alguns vão dizer que aproximadamente 4 mil trabalhadores receberam seus salários por terem emprego diretamente gerado pela obra no DF, mas estes poderiam ganhar o mesmo construindo hospitais e escolas.
Podem dizer também que as arenas vão permitir atividades esportivas e culturais, mas isto já seria possível com pequenas melhorias nos estádios anteriores.
O Brasil tem muitos problemas, mas um dos mais graves é não fazer contas.
(*) Engenheiro mecânico , economista, educador , professor universitário, e senador da República pelo PDT
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