CartaCapital
A leitura dos jornais e revistas, ressalvadas as exceções de praxe, projeta um cenário econômico catastrófico. Suficiente para abalar as projeções das pesquisas eleitorais em torno do favoritismo da presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição em 2014. /;/;/; A direita projeta e torce pela catástrofe. A esquerda projeta erros e teme que isso ocorra. Impossível, no entanto, dizer que não há um problema embutido na questão. Parece um erro repetido.
É como pensa Laura Barbosa de Carvalho, doutora pela New School for Social Research e professora da Escola de Economia da FGV-SP. Ela acredita que o ministro Guido Mantega bateu o último prego no caixão da opção econômica do governo, na quarta-feira 12, ao anunciar que cumprirá meta de superávit de 2,3% do PIB. O crescimento, em consequência, teria ido para o espaço.
A opção anunciada por Mantega “leva a crer que o governo federal fará novos cortes de gastos e, principalmente, de investimentos públicos da ordem de 0,5% do PIB”.
Segundo Laura Carvalho, “se a inflação mais alta fosse mesmo fruto de um improvável excesso de demanda, uma política de contração fiscal poderia aliviar o esforço necessário da política monetária no combate à inflação. No entanto, se essa inflação for de fato fruto de aumento de custos (incluindo aí o efeito da própria desvalorização cambial) e a demanda estiver crescendo abaixo do produto potencial, uma contração adicional da demanda por meio de cortes nos gastos públicos pode encerrar qualquer esperança de recuperação do crescimento econômico”.
O Brasil, neste caso, repetiria o mesmo erro de diagnóstico de 2011, em vez da sua correção.
Naquele ano, lembra, “para resolver o problema da falta de competitividade internacional, o câmbio foi desvalorizado. Para isso, foi reduzida a taxa de juros que, por estar bem acima do nível internacional, ajudava a atrair grande volume de capital especulativo. Por fim, para evitar a suposta inflação de demanda, cortaram os gastos públicos".
Ela adverte: “O resultado foi um fracasso. O câmbio desvalorizou-se, mas, devido ao aprofundamento da crise europeia e à contração da demanda global em 2012, passou longe do que seria necessário para estimular as exportações”.
Segundo a professora, “a inflação, como em todos os anos em que houve desvalorização cambial, com exceção de 2008, atingiu o teto da meta”.
O cenário subsequente já se sabe.
A inflação mais alta levou a uma desaceleração do consumo, que cresceu apenas 3,1% em 2012, e parece ter estagnado desde então. O investimento, que tinha crescido mais de 21% em 2010, contraiu 4% em 2012. E, por fim, o superávit primário do governo federal, excluindo os recursos obtidos com a capitalização da Petrobras de 2010, subiu em mais de 1% do PIB em 2011, atuando assim como força adicional de contração da demanda.
A economista não tem dúvida: a estratégia iniciada em 2011, repetida agora, foi equivocada.
A leitura dos jornais e revistas, ressalvadas as exceções de praxe, projeta um cenário econômico catastrófico. Suficiente para abalar as projeções das pesquisas eleitorais em torno do favoritismo da presidenta Dilma Rousseff, candidata à reeleição em 2014. /;/;/; A direita projeta e torce pela catástrofe. A esquerda projeta erros e teme que isso ocorra. Impossível, no entanto, dizer que não há um problema embutido na questão. Parece um erro repetido.
É como pensa Laura Barbosa de Carvalho, doutora pela New School for Social Research e professora da Escola de Economia da FGV-SP. Ela acredita que o ministro Guido Mantega bateu o último prego no caixão da opção econômica do governo, na quarta-feira 12, ao anunciar que cumprirá meta de superávit de 2,3% do PIB. O crescimento, em consequência, teria ido para o espaço.
A opção anunciada por Mantega “leva a crer que o governo federal fará novos cortes de gastos e, principalmente, de investimentos públicos da ordem de 0,5% do PIB”.
Segundo Laura Carvalho, “se a inflação mais alta fosse mesmo fruto de um improvável excesso de demanda, uma política de contração fiscal poderia aliviar o esforço necessário da política monetária no combate à inflação. No entanto, se essa inflação for de fato fruto de aumento de custos (incluindo aí o efeito da própria desvalorização cambial) e a demanda estiver crescendo abaixo do produto potencial, uma contração adicional da demanda por meio de cortes nos gastos públicos pode encerrar qualquer esperança de recuperação do crescimento econômico”.
O Brasil, neste caso, repetiria o mesmo erro de diagnóstico de 2011, em vez da sua correção.
Naquele ano, lembra, “para resolver o problema da falta de competitividade internacional, o câmbio foi desvalorizado. Para isso, foi reduzida a taxa de juros que, por estar bem acima do nível internacional, ajudava a atrair grande volume de capital especulativo. Por fim, para evitar a suposta inflação de demanda, cortaram os gastos públicos".
Ela adverte: “O resultado foi um fracasso. O câmbio desvalorizou-se, mas, devido ao aprofundamento da crise europeia e à contração da demanda global em 2012, passou longe do que seria necessário para estimular as exportações”.
Segundo a professora, “a inflação, como em todos os anos em que houve desvalorização cambial, com exceção de 2008, atingiu o teto da meta”.
O cenário subsequente já se sabe.
A inflação mais alta levou a uma desaceleração do consumo, que cresceu apenas 3,1% em 2012, e parece ter estagnado desde então. O investimento, que tinha crescido mais de 21% em 2010, contraiu 4% em 2012. E, por fim, o superávit primário do governo federal, excluindo os recursos obtidos com a capitalização da Petrobras de 2010, subiu em mais de 1% do PIB em 2011, atuando assim como força adicional de contração da demanda.
A economista não tem dúvida: a estratégia iniciada em 2011, repetida agora, foi equivocada.
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