“Certo dia, um rapaz procurou Sócrates e lhe disse que precisava contar algo sobre alguém. Sócrates ergue os olhos do livro que lia e perguntou:
- O que você vai me contar já passou pelas três peneiras?
- Três peneiras?
- Sim. A primeira peneira é a Verdade. O que você quer contar dos outros é um fato que você viu? Caso tenha apenas ouvido falar, a coisa deve morrer por aí mesmo. Suponhamos então que seja verdade. Você deverá fazer passar pela segunda peneira: a Bondade. O que você vai contar é coisa boa? Ajuda a construir ou a destruir o caminho, a fama do próximo?
Se o que você quer contar é verdade e é uma coisa boa, deverás então fazer passar ainda pela terceira peneira: a Necessidade. Convém contar o que você quer? Resolve alguma coisa? Ajuda a pessoa do qual você irá falar ou a nossa comunidade? Pode melhorar o planeta?
E, concluindo, Sócrates diz ao rapaz:
- Se o que você quer contar passar pelas três peneiras, podeis então falar! Tanto eu, você e seu irmão iremos nos beneficiar. Caso contrário, esqueça e enterre tudo. Será uma fofoca a menos para envenenar o ambiente e fomentar a discórdia entre irmãos, colegas do planeta.
Pois devemos ser sempre a estação terminal de qualquer comentário infeliz.
Em nossa vida usamos essas três peneiras? Tudo o que falamos será verdade; será bondade e será necessário para o bem de todos? Controlamos nossa língua ou somos ávidos para falar dos outros? Gastamos nosso tempo construindo a unidade ou espalhando fofocas que separem a comunidade? Jesus, que foi muito maior que o filósofo Sócrates já nos advertia que devemos controlar nossa língua e não julgarmos nossos irmãos e irmãs. Deveria sempre ecoar em nosso coração as suas palavras: “Não julgueis, para não serdes julgados: não condeneis, para não serdes condenados: perdoai, e vos será perdoado” (Lc 6,37). Não nos esqueçamos que todos nós somos irmãos e irmãs, somos iguais perante Deus. Destruir a vida dos outros com fofocas e com maldades é destruir a nossa própria existência neste mundo e no mundo que há de vir!
Pense e reflita!
(*) Sacerdote santareno e foi ordenado presbítero no dia 28 de dezembro de 2001. É membro da Academia de Letras e Artes de Santarém, como escritor e pesquisador da história da sua Diocese já tendo dois livros publicados e outros dois inéditos.
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