Demóstenes Torres (*)
Os cálculos da corrupção são sempre subavaliados e assombrosos. Um órgão público, a Advocacia Geral da União, admite que no período Lula foram afanados R$ 69,7 bilhões.
A soma oficial é modesta. É impossível divulgar dados precisos, mas estima-se a coleção de escândalos em R$ 85 bilhões apenas em 2010. Há quem considere que os desvios e a malversação torrem 10% do PIB ou uns 180 bilhões de dólares por ano.
Pior que levar o dinheiro é roubar o amanhã. Ou o hoje. É o cálculo da corrupção em vidas, em tranqüilidade, Educação, saúde.
Tome-se de exemplo o Ministério do Esporte. O governo se recusa a votar a proposta de emenda à Constituição que o obriga a implantar ensino integral em 100% das escolas. Uma das desculpas é que programas como o Segundo Tempo, palco das subtrações recém-comprovadas, cumpriria a função de ocupar o estudante no período em que não está na sala de aula.
Se fosse tocado em todo lugar por gente íntegra e competente, ainda assim o projeto não substituiria a Educação integral, que deve ir além do esporte, com reforço nas matérias, música, dança, literatura e outras expressões culturais.
E esporte, para ongueiros e outros serviçais da Pasta, é uma bola de couro e a meninada correndo atrás. Nada de fazer quadras cobertas, piscinas olímpicas, pistas de atletismo e skate, tatames, aparelhos de ginástica.
Envolvidos nos furtos do Segundo Tempo confessam falsificações na quantidade de atendidos. Enquanto eles carregavam as verbas, por onde andavam os alunos que deveriam estar no ginásio jogando futebol ou praticando artes marciais?
Aí aparece a face mais suja da nojeira: o programa foi criado como antídoto aos entorpecentes. Diretamente, esses ladrões empurraram os estudantes para o crack.
O ajeitamento político para o caso acabar em pizza é um atentado à moralidade, mas também um desrespeito às famílias e aos jovens que perambulam pelas ruas escravos das drogas.
A presidente Dilma Rousseff, despreocupada com esses meninos-zumbis, se contenta com explicações. A probidade e a paz são derrotadas a golpes de retórica comunista.
Dilma começou a semana inaugurando uma obra que resume sua complacência com o malfeito. Pagou R$ 1,099 bilhão pelos 3.500 metros da ponte Rio Negro, em Manaus. A maior ponte do mundo, na China, foi iniciada junto com a amazonense e feita a R$ 57 milhões cada quilômetro. A brasileira ficou 500% mais cara, R$ 300 milhões por quilômetro.
Comparando-se imagens das duas, nota-se a superioridade da chinesa em pistas e acabamento.
Na solenidade, perguntaram à presidente sobre a roubalheira no Esporte. Nem um pio. E sobre a obra superfaturada acima do rio e dentro do pântano dos aditivos? Nem interrogações. São apenas novas cifras superlativas ancoradas no mar de lama.
A presidente tinha o dever de impedir os delitos, demitir os suspeitos, apurar os malefícios e retomar os valores surrupiados. Em vez disso, transforma os crimes em oportunidades de sua base apresentar musculatura.
Dilma sabe que por trás dos recursos subtraídos há crianças sem merenda, colégios sem estrutura e um país dominado pelo tráfico. Inclusive, o de influência.
(*) Procurador de Justiça e Senador pelo DEM/TO
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