Edilberto Sena (*)
De dez em dez anos o governo brasileiro mando o IBGE fazer um recenseamento nacional uma das questões a ser conferida oficialmente é quantos negros,quantos brancos e quantos pardos existem no país. Assim classifica o poder, igual como no tempo do Brasil colônia. Os brancos eram a maioria, os senhores que dominavam na casa grande; depois vinham os negros escravos e por fim, os índios selvagens. Com o tempo, a miscigenação gerou, o que os brancos chamavam de mulatos, confusos e caboclos.
O que é um pardo, existe uma pessoa parda? A identidade de alguém é marcada pela cor da pele, dos olhos e da cabeça? Agra no município de Belterra, três comunidades indígenas aguardam há vários anos que o estado brasileiro os reconheça como índios.
Há 3 ou 4 anos um pseudo pesquisador andou pelo rio Maró e concluiu que lá não havia índio. Agora chega a FUNAI e admite que lá há uma terra indígena. Afinal, quem fala a verdade? Por que o governo retarda o reconhecimento de uma comunidade indígena? Por que fazendeiros, grileiros e a elite da cidade olham com desdém para um grupo indígena? Ou é medo dos direitos dos nativos, ou é preconceito de superioridade, herança dos dominadores europeus.
Quem deve definir a identidade de uma pessoa é ela mesma e não o IBGE. Em vários documentos oficiais ainda consta a identidade pela cor da pele. Mas quem identifica um pescador, um ribeirinho, um agricultor familiar? Não é o IBGE, mas o próprio grupo.
Quem decide se alguém é caboclo ou mulato, um índio, ou quilombola ele ou ela mesma, quando se assume como tal. Por isso, é um absurdo que a FUNAI esteja demorando anos sem reconhecer as comunidades indígenas do Tapajós, que já se identificam como indígenas há mais tempo. Uma herança maldita do colonialismo se reflete ainda hoje nos órgãos oficiais.
(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural de Santarém (PA)
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