Lençóis de hospitais e motéis brasileiros são vendidos em Manaus
Folha de São Paulo
A reportagem da Folha comprou nesta sexta-feira (28) lençóis e fronhas com inscrições de hospitais e motéis de São Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro em duas lojas do centro de Manaus.
O DVisa (Departamento de Vigilância Sanitária de Manaus) realizou, na tarde de hoje, uma operação na qual foram apreendidas cerca de 500 peças, entre lençóis, fronhas e toalhas em uma das lojas. Parte desse material tinha manchas e foi encaminhado para análise laboratorial para saber se é lixo hospitalar ou não.
Os produtos adquiridos pela reportagem estavam em bancas e caixas de papelões nas lojas da Acrópolis Cama, Mesa, Banho e Confecções. Há cinco filiais na cidade. Cada fronha custou R$ 2,50. Os lençóis saíram por R$ 20.
A dona das lojas, Abigail Gomes, disse que os produtos são comprados de uma empresa de Santa Catarina, mas não quis informar o nome.
As peças compradas pela Folha têm etiquetas da fábrica Döhler, principal fornecedor das lojas Acrópolis para toalhas, lençóis e fronhas.
.Gomes afirmou que os produtos chegam dentro de lotes de mercadorias de ponta de estoque compradas a quilo na fábrica. A empresa vende as peças em liquidação, segunda ela.
."Vendemos nas lojas do centro no queima (liquidação) para o povo do interior", disse a proprietária.
.Abigail Gomes afirmou que se queixou com o representante da fábrica a respeito do envio dos produtos, mas não adiantou. Sem precisar uma data, ela disse que "há muito tempo vêm esses lençóis de motéis, hospitais e hotéis nos lotes que compramos".
.A reportagem da Folha esteve em duas lojas da Acrópolis no centro de Manaus. Comprou sete fronhas com inscrições das unidades de saúde Home Doctor, Maternidade Santa Lúcia, Unimed Nordeste-RS, São Luiz, Hospital Regina Ciência e Fé pela Vida e Hospital de Base. Também adquiriu fronha do Motel Celina e um lençol do Motel Snobi.
.Na primeira loja da Acrópolis, a vendedora não entregou uma nota fiscal da compra de R$ 35 alegando que o produto não tinha código. Na segunda loja, a vendedora entregou uma nota fiscal de R$ 5, mas com o código de duas toalhas.
.A Döhler, empresa com sede em Joinville (SC), afirmou à Folha que comercializa para terceiros lotes de lençóis e fronhas novos que "não atingiram o padrão de qualidade estabelecido pelo cliente [no caso, hospitais]", como materiais com cortes errados ou estampas sem padronização.
.A empresa diz que o processo é de conhecimento dos clientes que encomendaram o material e que essas peças são enviadas para o comércio com uma indicação de que se trata de lençóis e fronhas rejeitados.
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