Porque fundar um Instituto Histórico no Oeste Paraense?
Recentemente estive participando do V Colóquio dos Institutos Históricos do Brasil. Tive a grata oportunidade de conhecer pessoas dos diversos Estados da Federação, que lutam (algumas vezes numa verdadeira luta colossal de um Davi contra Golias) para preservar a memória histórica do Brasil, dos Estados e de alguns Municípios.
Uma das Oficinas foi coordenada pelo professor Arno Wehling, presidente do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil – IHGB; e tratou de um tema já proposto desde o primeiro Colóquio Nacional, que é a criação e implantação de Institutos Históricos Municipais ou Regionais, entidades estas que teriam como objetivo, “a pesquisa, coleta de dados e informações, a reflexão e a discussão de temas considerados relevantes e a publicação de trabalhos, quer como contribuição científica, quer como divulgação cultural”.
Além disso, continuando o que nos diz o presidente do IHGB, tal entidade “poderia se constituir em contribuição relevante para a constituição de acervos que recolhessem traços da memória local (ou regional), como objetos reunidos em coleções particulares, que freqüentemente se perdem quando desaparecem seus proprietários”. Ou seja, a partir da pesquisa de uma memória local, arquivada na história das famílias das diversas cidades brasileiras, manter viva a preservação dos valores da sociedade como um todo.
A partir do debate em torno do tema, fixou-se melhor a idéia de fundar um congênere do IHGB em Santarém, abrangendo também toda a região Oeste do Pará, mais especificamente: Altamira, Porto de Moz, Vitória do Xingu, Senador José Porfírio, Brasil Novo, Uruará, Placas, Medicilândia, Trairão, Novo Progresso, Jacareacanga, Itaituba, Rurópolis, Aveiro, Belterra, Mojuí dos Campos, Juruti, Terra Santa, Faro, Oriximiná, Óbidos, Curuá, Alenquer, Prainha, Monte Alegre, Almeirim e Santarém.
Uma região rica não somente em História (que vêm desde o século XVII), mas com temas sociais e geográficos de interesse recente, de nível nacional e até mesmo internacional, como a conservação (e em seu oposto a exploração) da Floresta Amazônica, os grandes projetos de mineração e de construções de hidroelétricas, a zona da expansão da soja, os povos indígenas, e tantos outros que carecem ainda de um acompanhamento documental e de pesquisa.
Além disso, ao vermos que, constantemente, nosso patrimônio histórico, artístico, cultural e ambiental vem sendo ameaçado, seja pelo furto descarado de peças e obras de arte, seja pela falta de incentivo do poder público e seja ainda pelo fato de “desconhecimento” de seu valor pela própria população ou ainda por projetos que simplesmente destroem as coisas existentes em nome de um progresso que interessa a um número restrito de pessoas.
Tais fatos são agravados ainda por problemas como a ineficiência (seja por parte do governo federal ou estadual) de dispor de órgãos e pessoas que fiscalizem o interior do Estado do Pará. Muitos deles concentrando esforços na zona metropolitana de Belém e arredores e justificando a ausência pelas “enormes distâncias, falta de recursos financeiros e humanos”.
A proposta de fundar um Instituto Histórico e Geográfico no Oeste Paraense procura somar forças com outras instituições, como o próprio Instituto Histórico do Pará, as Universidades, as Academias de Letras municipais, as prefeituras e órgãos públicos na defesa do patrimônio histórico, geográfico, cultural e na defesa do meio ambiente. Esperamos que esta proposta possa encontrar um campo fértil entre os nossos intelectuais acadêmicos e autodidatas e possa produzir breves frutos para o futuro da nossa Região.
(*) Sacerdote santareno e foi ordenado presbítero no dia 28 de dezembro de 2001. É membro da Academia de Letras e Artes de Santarém, como escritor e pesquisador da história da sua Diocese já tendo dois livros publicados e outros dois inéditos.
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