Bellini Tavares de Lima Neto (*)
“Imagine que você tenha um amigo ou amiga que seja fã incondicional de um artista qualquer. Então você encontra um comentário completamente desairoso a respeito desse artista. Se for um cantor, por exemplo, o comentário afirma que o sujeito é inteiramente desprovido de qualquer talento e que seus fãs só podem ser idiotas completos, inteiramente desprovidos de qualquer sensibilidade ou percepção. Você, então, envia esse comentário ao seu amigo ou amiga que é fã do tal artista. O que exatamente você espera que isso provoque no seu amigo ou amiga? “Ah, ele vai achar engraçado”. Pode ser que sim, ainda que não seja lá muito provável. Mas, tendo em vista que isso aconteceu pela primeira vez, pode ser que o amigo ou amiga tome a tua atitude como uma simples brincadeira feita sem pensar muito. Uma brincadeira de gosto no mínimo duvidoso, um tanto insensível ao que se poderia chamar de noção mais refinada de respeito, mas, enfim, nada além disso. Afinal, vocês são amigos, não é?”
O parágrafo aí acima é o primeiro de uma outra crônica que escrevi há uns dois anos e que batizei com o nome “O que, exatamente, você espera?” A resposta à pergunta é muito mais do que óbvia. Nos parágrafos seguintes da tal crônica, como é fácil concluir, procuro descrever o mesmo comportamento que vai se repetindo diversas vezes até que o destinatário da inconveniência se cansa de tanta má-criação e corta relações com o autor das grosserias. Convenhamos, o que alguém espera que aconteça assumindo atitudes como essa?
Isso vive acontecendo e agora,com o surgimento das ferramentas da “internet”, parece que ganhou corpo e se multiplica de forma incontrolável. Não consigo atribuir esse tipo de comportamento a um ou mais fatores específicos. Não sei se isso se deve a uma gradativa perda do sentimento de respeito aos outros ou à banalização da grosseria ou, ainda, porque, por detrás da tecla do computador todos se sentem à vontade para dar vazão a tudo o que tem de mais desagradável. Seja lá qual seja a causa ou causas, o fato é que é um comportamento extremamente incômodo.
Mas, tenho percebido que não se trata apenas de falta de educação ou de respeito. Também falta um mínimo de inteligência em praticamente todas as manifestações dessa natureza. Pior ainda que o caráter ofensivo é a tentativa dos seus autores em desenvolver argumentos e raciocínios. Aí o problema se duplica: é a falta de educação e a de inteligência. Não sei se, porque levadas pela emoção da má-criação, as manifestações são tão inteligentes quando o pronunciamento de uma ameba. E isso, confesso, é ainda mais incômodo que a falta de modos.
Mas, nada está completamente perdido. Sempre há uma saída. E eu descobri algumas delas. Por exemplo, se começo a ouvir algo assim por meio de rádio ou televisão, simplesmente desligo o aparelho ou mudo de estação. Se, por outro lado, a coisa vem por meio da “internet” ou, mais precisamente, do “facebook”, há o recurso infalível e saneador do bloqueio. Na parte de cima, à direita na página do “face” existe um lugarzinho onde está escrito “Sair”. Clicando (já está no Aurélio, sim) ali aparece a palavra “Configurações”. Clicando nela aparecem diversas opções e uma delas é, exatamente “Bloqueio”. Pronto. Com esse procedimento simples e indolor é possível sanear seu “Facebok” e deixá-lo civilizado.
Como foi que eu descobri isso tudo? Procurando um jeito de deixar meu “facebook” limpo de uma porção de grosserias. E a maioria esmagadora delas estava ligada ao futebol, um esporte tão interessante, emocionante, mas que se transformou numa espécie de válvula de escape para prováveis distorções emocionais. O efeito? Extraordinário. Meu “facebook” ficou completamente livre de uma porção de manifestações e comentários desagradáveis, ofensivos, desrespeitosos e, sobretudo, estúpidos e sem inteligência. E eu não fiz isso pensando apenas em mim.
Fiz isso pensando em três lados. Um deles sou eu mesmo, é claro, que estou livre desse incômodo. Um outro é o sagrado direito à liberdade de expressão. Todo mundo tem o direito de se manifestar. Só que, em contrapartida, todos também têm o sagrado direito de não partilhar isso. Por fim, o terceiro lado são os amigos. Alguns amigos, em alguns momentos, parecem perder a noção do bom senso ou, então, trazem consigo esse ladinho idiota como, aliás, todos nós temos um. No convívio social entre amigos é improvável que essas cretinices apareçam. Se aparecem em outras situações, porque não sumir com elas? Afinal, os amigos são mais importantes que suas mazelas
(*) Advogado, avô, corintiano e morador em S. Bernardo do Campo (SP)
“Imagine que você tenha um amigo ou amiga que seja fã incondicional de um artista qualquer. Então você encontra um comentário completamente desairoso a respeito desse artista. Se for um cantor, por exemplo, o comentário afirma que o sujeito é inteiramente desprovido de qualquer talento e que seus fãs só podem ser idiotas completos, inteiramente desprovidos de qualquer sensibilidade ou percepção. Você, então, envia esse comentário ao seu amigo ou amiga que é fã do tal artista. O que exatamente você espera que isso provoque no seu amigo ou amiga? “Ah, ele vai achar engraçado”. Pode ser que sim, ainda que não seja lá muito provável. Mas, tendo em vista que isso aconteceu pela primeira vez, pode ser que o amigo ou amiga tome a tua atitude como uma simples brincadeira feita sem pensar muito. Uma brincadeira de gosto no mínimo duvidoso, um tanto insensível ao que se poderia chamar de noção mais refinada de respeito, mas, enfim, nada além disso. Afinal, vocês são amigos, não é?”
O parágrafo aí acima é o primeiro de uma outra crônica que escrevi há uns dois anos e que batizei com o nome “O que, exatamente, você espera?” A resposta à pergunta é muito mais do que óbvia. Nos parágrafos seguintes da tal crônica, como é fácil concluir, procuro descrever o mesmo comportamento que vai se repetindo diversas vezes até que o destinatário da inconveniência se cansa de tanta má-criação e corta relações com o autor das grosserias. Convenhamos, o que alguém espera que aconteça assumindo atitudes como essa?
Isso vive acontecendo e agora,com o surgimento das ferramentas da “internet”, parece que ganhou corpo e se multiplica de forma incontrolável. Não consigo atribuir esse tipo de comportamento a um ou mais fatores específicos. Não sei se isso se deve a uma gradativa perda do sentimento de respeito aos outros ou à banalização da grosseria ou, ainda, porque, por detrás da tecla do computador todos se sentem à vontade para dar vazão a tudo o que tem de mais desagradável. Seja lá qual seja a causa ou causas, o fato é que é um comportamento extremamente incômodo.
Mas, tenho percebido que não se trata apenas de falta de educação ou de respeito. Também falta um mínimo de inteligência em praticamente todas as manifestações dessa natureza. Pior ainda que o caráter ofensivo é a tentativa dos seus autores em desenvolver argumentos e raciocínios. Aí o problema se duplica: é a falta de educação e a de inteligência. Não sei se, porque levadas pela emoção da má-criação, as manifestações são tão inteligentes quando o pronunciamento de uma ameba. E isso, confesso, é ainda mais incômodo que a falta de modos.
Mas, nada está completamente perdido. Sempre há uma saída. E eu descobri algumas delas. Por exemplo, se começo a ouvir algo assim por meio de rádio ou televisão, simplesmente desligo o aparelho ou mudo de estação. Se, por outro lado, a coisa vem por meio da “internet” ou, mais precisamente, do “facebook”, há o recurso infalível e saneador do bloqueio. Na parte de cima, à direita na página do “face” existe um lugarzinho onde está escrito “Sair”. Clicando (já está no Aurélio, sim) ali aparece a palavra “Configurações”. Clicando nela aparecem diversas opções e uma delas é, exatamente “Bloqueio”. Pronto. Com esse procedimento simples e indolor é possível sanear seu “Facebok” e deixá-lo civilizado.
Como foi que eu descobri isso tudo? Procurando um jeito de deixar meu “facebook” limpo de uma porção de grosserias. E a maioria esmagadora delas estava ligada ao futebol, um esporte tão interessante, emocionante, mas que se transformou numa espécie de válvula de escape para prováveis distorções emocionais. O efeito? Extraordinário. Meu “facebook” ficou completamente livre de uma porção de manifestações e comentários desagradáveis, ofensivos, desrespeitosos e, sobretudo, estúpidos e sem inteligência. E eu não fiz isso pensando apenas em mim.
Fiz isso pensando em três lados. Um deles sou eu mesmo, é claro, que estou livre desse incômodo. Um outro é o sagrado direito à liberdade de expressão. Todo mundo tem o direito de se manifestar. Só que, em contrapartida, todos também têm o sagrado direito de não partilhar isso. Por fim, o terceiro lado são os amigos. Alguns amigos, em alguns momentos, parecem perder a noção do bom senso ou, então, trazem consigo esse ladinho idiota como, aliás, todos nós temos um. No convívio social entre amigos é improvável que essas cretinices apareçam. Se aparecem em outras situações, porque não sumir com elas? Afinal, os amigos são mais importantes que suas mazelas
(*) Advogado, avô, corintiano e morador em S. Bernardo do Campo (SP)
Nenhum comentário:
Postar um comentário