Gilberto Dimenstein (*)
Uma das razões para o reitor da USP ser considerado "persona non grata" pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco é um dos fatos mais ridículos que já testemunhei na vida acadêmica brasileira.
O professor Grandino tinha obtido doações para a faculdade de Direito de empresas comandadas por ex-alunos oferecendo uma placa a ser colocada na sala. Virou uma guerra. A iniciativa foi vista como um ataque à autonomia universitária, uma invasão do capitalismo, e por aí vai.
Parece até que a faculdade está repleta de dinheiro. É uma visão não apenas ridícula, mas contra os interesses da educação. E que, no final, acabou vencendo.
Quanto mais apoio ao ensino, melhor para todos.
Uma das razões que explicam por que os Estados Unidos têm tantas universidades entre as melhores do mundo e gerando tantos vencedores de Prêmio Nobel (o que significa melhorar o planeta) é uma íntima parceria com as empresas e empresários que, obviamente, recebem reconhecimento visível nas salas e laboratórios. É um estímulo para que mais gente continue dando dinheiro e até ajudando a financiar bolsas aos mais pobres.
Por trás desses debate em cima de uma ridícula placa está uma visão antiquada de que a universidade deve ficar numa redoma.
E pensar que a Faculdade de Direito da USP já foi vanguarda em tantos momentos decisivos para o país.
(*) Jornalista e que integra o Conselho Editorial da Folha de São Paulo e vive atualmente nos Estados Unidos.
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