quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Uma ridícula discussão na USP

Gilberto Dimenstein (*)

Uma das razões para o reitor da USP ser considerado "persona non grata" pela Faculdade de Direito do Largo São Francisco é um dos fatos mais ridículos que já testemunhei na vida acadêmica brasileira.

O professor Grandino tinha obtido doações para a faculdade de Direito de empresas comandadas por ex-alunos oferecendo uma placa a ser colocada na sala. Virou uma guerra. A iniciativa foi vista como um ataque à autonomia universitária, uma invasão do capitalismo, e por aí vai.

Parece até que a faculdade está repleta de dinheiro. É uma visão não apenas ridícula, mas contra os interesses da educação. E que, no final, acabou vencendo.

Quanto mais apoio ao ensino, melhor para todos.

Uma das razões que explicam por que os Estados Unidos têm tantas universidades entre as melhores do mundo e gerando tantos vencedores de Prêmio Nobel (o que significa melhorar o planeta) é uma íntima parceria com as empresas e empresários que, obviamente, recebem reconhecimento visível nas salas e laboratórios. É um estímulo para que mais gente continue dando dinheiro e até ajudando a financiar bolsas aos mais pobres.

Por trás desses debate em cima de uma ridícula placa está uma visão antiquada de que a universidade deve ficar numa redoma.

E pensar que a Faculdade de Direito da USP já foi vanguarda em tantos momentos decisivos para o país.

(*) Jornalista e que integra o Conselho Editorial da Folha de São Paulo e vive atualmente nos Estados Unidos.

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