terça-feira, 11 de outubro de 2011

A justiça no Pará ao fundo do poço

Edilberto Sena (*)

Símbolo da justiça, a estátua da mulher com os olhos cobertos, nunca antes foi mais expressiva do que hoje no Estado do Pará. A justiça cega comete injustiça a valer.
Mas,  não se pode dizer que a justiça paraense cometa injustiças por ignorância. Não é possível que tantos casos repetidos sejam por incompetência. E o mais recente caso do pedófilo ex deputado estadual é o pior exemplo.

A 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Pará absolveu uma figura da alta sociedade de Belém acusado e já antes condenado por crime de pedofilia. O mais grave é que o homem, acusado de ter abusado sexualmente por três anos de uma criança em sua casa, já fora condenado por juiz anterior a 21 anos de prisão, tinha renunciado ao cargo de deputado para não ser cassado, também tinha fugido para ao Rio de Janeiro, sendo que depois ganhou um habeas corpus.

Quando é agora, escandalosamente, por dois votos contra um, o a terceira Câmara criminal do Tribunal de Justiça comete mais uma injustiça. O argumento dos inescrupulosos advogados, um dos quais já foi ministro da justiça do país, imagine, alegaram que não havia provas suficientes.

Isto é, depoimento da criança estuprada, vivendo na casa do monstro, não era prova suficiente, pode-se aceitar? Advogados antiéticos, juízes imorais, são capazes de deixar explicito que a criança mentiu e o tarado político era inocente. Que inversão de valores. De fato, a justiça paraense, que já tinha fama de injusta, chegou ao fundo do poço. Se os outros juízes do Estado se calarem, estarão no mínimo protegendo os colegas, um corporativismo indecente e antiético.

Espera-se que a categoria venha a público condenar o ato inescrupuloso dos colegas da 3ª Câmara Criminal de Justiça do Tribunal. A criança estuprada e a sociedade ética aguardam reação ética dos juízes e advogados justos.

(*) Sacerdote e Diretor da Rádio Rural de Santarém (PA)

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