Avicultura perde R$ 2 bi anuais com deficiência em logística
Estudo realizado pela Ubabef apresentará 63 propostas ao ministro Mendes Ribeiro para reduzir prejuízos causados pelos gargalos no transporte de cargas.
Com perdas superiores a R$ 2 bilhões ao ano, com custos logísticos, a União Brasileira de Avicultura (Ubabef) preparou um estudo para apresentar ao Ministério da Agricultura sobre esses gargalos do setor.
A ideia do estudo é tentar reduzir esses custos em pelo menos 2% em curto prazo, para devolver a competitividade à avicultura brasileira.
A receita com as exportações de aves deve atingir a casa dos US$ 8 bilhões esse ano, prevê a Ubabef, entretanto mais de US$ 1 bilhão remete somente a gastos logísticos.
Além disso, Francisco Turra, presidente da entidade, lembrou que dos R$ 36 bilhões do Produto Interno Bruto (PIB) arrecadados pela avicultura, mais de 10% representa gastos com logística. "Hoje a avicultura possui custos na ordem dos 20% do PIB obtido. Muito mais da metade é só com a logística, e isso tira a competitividade do nosso setor".
Para tentar reduzir esses gastos com o transporte, a Ubabef pretende apresentar um estudo ao Ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, apontando os principais entraves da infraestrutura logística do País, durante o 22º Congresso Brasileiro da Avicultura, que será realizado de 25 a 27 de outubro em São Paulo.
"Nós levamos quase um ano para levantar esse estudo, que possui 63 aspectos a serem alterados para minimizar esses gargalos", disse Turra.
No documento serão apresentadas 23 propostas relacionadas ao sistema portuário do País, que vão desde o aprofundamento de calados até a maior agilidade nos processos de desembaraço.
Outras 15 sugestões voltados às ferrovias, com a padronização da largura das bitolas, até a expansão da malha de trilhos. "Iremos apresentar propostas para adequação da infraestrutura logística, que podem ser resolvidas a curto, médio e longo prazo", contou o diretor financeiro e administrativo da Ubabef, José Perboyre Ferreira Gomes.
O executivo afirmou que o documento ainda contém 16 proposições para rodovias, entre elas a redução dos valores pagos a pedágios, e a melhoria do acesso a diversos portos brasileiros.
Por fim outras nove propostas serão apresentadas para a racionalização de processos.
"Só o fato de agilizar alguns processos, como a ampliação da carga horária nos portos, ou mesmo estabelecer padrões objetivos de interpretação das normas, reduziriam as perdas", disse Turra. "Nossa meta é uma redução de 2% sobre o custo atual que temos em logística no curto prazo. Estamos fazendo isso para melhorar a competitividade da avicultura nacional", considerou o presidente da Ubabef, ao relembrar que o transporte de carga no Brasil é realizado em sua maioria por rodovias.
"De toda carga transportada no País, 65% são por rodovias; 19%, por ferrovias; 12%, pelo sistema hidroviário; 4%, por dutovias e menos de 1% por meio aéreo", acrescentou.
Por fim, Turra comentou que somente a racionalização dos processos pode ser realizada a curto prazo. Entretanto, projetos de ampliação, construção e modernização de ferrovias e rodovias, que levariam mais tempo para serem realizadas, precisam constar nos planos do governo brasileiro. "Estamos apenas levantando essa bola, com a demanda por alimentos esperada nos próximos anos, temos que pensar nisso agora", finalizou.
Suínos -
Enquanto a avicultura se prepara para enfrentar os altos custos do transporte, a suinocultura brasileira continua enfrentando as barreiras sanitárias impostas pelos importadores. Só que desta vez não se trata da Rússia, o problema é com o governo sul-africano, que desde 2005 veta o embarque de carne suína brasileira ao país.
A expectativa era de que barreira fosse derrubada ontem, no encontro dos presidentes Dilma Rousseff e Jacob Zuma, na Casa de Hóspedes do governo sul-africano, em Pretória.
Mas o ministro afirmou que o caso ainda dependerá de missão, que acontecerá no dia 24 de outubro, de funcionários do Ministério da Agricultura da África do Sul, ao Brasil, para uma última inspeção.
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