quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Agnelo e o rolo de R$ 25 milhões

José Cruz (*)

Envolvido numa espetacular operação de R$ 25 milhões, ainda do tempo em que era ministro do Esporte, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, conseguiu desbloquear os seus bens, indisponíveis desde maio.

O bloqueio ocorreu por iniciativa do Ministério Público Federal, que acusou Agnelo de superfaturar o aluguel de 1.490 apartamentos da Vila Pan-Americana, por ocasião do Pan 2007-Rio.

Quem alertou para a suspeita operação foi o Tribunal de Contas da União. Em 2004, Agnelo liberou R$ 25 milhões para pagar o aluguel dos apartamentos onde os atletas ficariam hospedados. Ou seja, repassou o dinheiro três anos antes, quando nem obra havia. E é proibido se pagar por aquilo que não se tem. Agnelo ignorou a regra.

Segundo o TCU, se os atletas do Pan ficassem hospedados nos melhores hotéis do Rio de Janeiro, o Comitê Organizador faria uma economia de 38% sobre o aluguel dos apartamentos da Vila do Pan.

Complicado
 Pior: o adiantamento dos alugueis levaram à suspeita de que os R$ 25 milhões serviram para fechar uma triangulação, cuja história contei, mas repito para que não fique no esquecimento.

Seguinte:
A construtora da Vila do Pan, Agenco, precisava oferecer garantia para financiar R$ 187 milhões junto à Caixa Econômica. Mas não tinha a grana. Foi aí que Agnelo adiantou R$ 25 milhões ao Comitê Organizador dos Jogos, que teria repassado o dinheiro a Agenco. Feita a triangulação, puderam integralizar a garantia junto à Caixa. Esta é investigação que ainda está em andamento.

Explicação
Agora, Agnelo diz que, com a suspensão do bloqueio de seus bens fica claro que “não teve participação no esquema”.

Cara de pau esse sujeito!

Como uma operação de R$ 25 milhões, para pagamento do que ainda não existia, é fechada sem a participação da autoridade maior, no caso o então ministro Agnelo, hoje governador do Distrito Federal, pelo PT?

Foi uma operação incomum, ínédita no ministério!!! E o dono da cadeira estava ausente do processo?

Tá certo, façamos de conta que Agnelo fala a verdade e foi assim mesmo, ele não sabia. 
Escancara-se, então, toda a irresponsabilidade e omissão do gestor principal.
De qualquer forma, sabendo ou não, Agnelo é isso aí. E Brasília que aguente.

(*) Jornalista e que  cobre há mais de 20 anos os bastidores da política e economia do esporte, acompanhando a execução orçamentária do governo, a produção de leis e o uso de verbas estatais na área esportiva.

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