Drauzio Varella (*)
A doença pulmonar obstrutivo-crônica (DPOC) é traiçoeira. Evolui silenciosa, durante anos ou décadas, mas, quando se manifesta, as limitações respiratórias são definitivas.
O primeiro sintoma é a falta de ar para correr, subir escadas ou ladeiras. Como a instalação é gradativa, as pessoas negam que lhes falta o ar, dizem que se cansam porque estão mais velhas ou fora de forma.
Com a progressão, entra em cena um cortejo de sintomas: tosse, secreção pulmonar, chiado no peito, respiração pesada e a sensação de que o ar não chega ao fundo dos pulmões. Gripes e resfriados duram mais tempo, e podem evoluir com complicações bacterianas.
Mais tarde, tomar banho, subir alguns degraus ou amarrar os sapatos exigem repouso para recuperar o fôlego. As crises de exacerbação tornam-se comuns, geralmente acompanhadas por pneumonias que requerem hospitalização.
É um problema grave de saúde pública. Um estudo realizado entre adultos com mais de 40 anos mostrou que cerca de 10% apresentavam sinais de obstrução das vias aéreas de moderada intensidade, pelo menos. Nos últimos 30 anos, o número de mortes causadas pela doença duplicou.
O cigarro é de longe o maior culpado. O aumento da mortalidade entre as mulheres que começaram a fumar nos últimos 30 anos confirma a relação entre causa e efeito.A exposição a poluentes industriais também é fator de risco, bem como o fogão a lenha das casas pobres, malventiladas.
O esforço respiratório para manter a oxigenação altera a forma do tórax (tórax em barril), retrai as costelas inferiores à inspiração e prolonga a fase de expiração.
O diagnóstico é feito pela espirometria, exame no qual o paciente faz expirações forçadas num tubo ligado a um aparelho que mede uma série de parâmetros relacionados ao fluxo de ar e à capacidade dos pulmões. Para conter o declínio da função respiratória é essencial parar de fumar. A abstinência diminui a frequência das crises, melhora a qualidade de vida e reduz a mortalidade.
Nos casos mais graves os sintomas podem ser aliviados com broncodilatadores administrados por inalação. Há broncodilatadores de ação rápida, ideais para alívio imediato, e outros de longa duração, cujo efeito pode persistir por 24 horas ou mais.
A inalação de corticosteroides é outra modalidade terapêutica, capaz de melhorar a respiração e reduzir a frequência das crises em 15% a 20%.
Dois estudos avaliaram o papel da administração de oxigênio nos casos mais avançados. O primeiro comparou 15 horas diá- rias de oxigênio com um grupo-controle que não fez uso dele. No segundo, foi feita a comparação de 18 horas diárias, com 12 horas de uso por dia. Nos dois estudos a mortalidade caiu 20%.
Quando há indicação de oxigenioterapia, a recomendação atual é de administrá-la por pelo menos 18 horas diárias, inclusive durante o sono.
Os pacientes devem receber vacina contra a gripe todos os anos, bem como vacina contra o pneumococo. Fisioterapia para reabilitação pulmonar é indicada em todos os casos.
(*) Médico oncologista, cientista e escritor , formado pela Universidade de São Paulo
A doença pulmonar obstrutivo-crônica (DPOC) é traiçoeira. Evolui silenciosa, durante anos ou décadas, mas, quando se manifesta, as limitações respiratórias são definitivas.
O primeiro sintoma é a falta de ar para correr, subir escadas ou ladeiras. Como a instalação é gradativa, as pessoas negam que lhes falta o ar, dizem que se cansam porque estão mais velhas ou fora de forma.
Com a progressão, entra em cena um cortejo de sintomas: tosse, secreção pulmonar, chiado no peito, respiração pesada e a sensação de que o ar não chega ao fundo dos pulmões. Gripes e resfriados duram mais tempo, e podem evoluir com complicações bacterianas.
Mais tarde, tomar banho, subir alguns degraus ou amarrar os sapatos exigem repouso para recuperar o fôlego. As crises de exacerbação tornam-se comuns, geralmente acompanhadas por pneumonias que requerem hospitalização.
É um problema grave de saúde pública. Um estudo realizado entre adultos com mais de 40 anos mostrou que cerca de 10% apresentavam sinais de obstrução das vias aéreas de moderada intensidade, pelo menos. Nos últimos 30 anos, o número de mortes causadas pela doença duplicou.
O cigarro é de longe o maior culpado. O aumento da mortalidade entre as mulheres que começaram a fumar nos últimos 30 anos confirma a relação entre causa e efeito.A exposição a poluentes industriais também é fator de risco, bem como o fogão a lenha das casas pobres, malventiladas.
O esforço respiratório para manter a oxigenação altera a forma do tórax (tórax em barril), retrai as costelas inferiores à inspiração e prolonga a fase de expiração.
O diagnóstico é feito pela espirometria, exame no qual o paciente faz expirações forçadas num tubo ligado a um aparelho que mede uma série de parâmetros relacionados ao fluxo de ar e à capacidade dos pulmões. Para conter o declínio da função respiratória é essencial parar de fumar. A abstinência diminui a frequência das crises, melhora a qualidade de vida e reduz a mortalidade.
Nos casos mais graves os sintomas podem ser aliviados com broncodilatadores administrados por inalação. Há broncodilatadores de ação rápida, ideais para alívio imediato, e outros de longa duração, cujo efeito pode persistir por 24 horas ou mais.
A inalação de corticosteroides é outra modalidade terapêutica, capaz de melhorar a respiração e reduzir a frequência das crises em 15% a 20%.
Dois estudos avaliaram o papel da administração de oxigênio nos casos mais avançados. O primeiro comparou 15 horas diá- rias de oxigênio com um grupo-controle que não fez uso dele. No segundo, foi feita a comparação de 18 horas diárias, com 12 horas de uso por dia. Nos dois estudos a mortalidade caiu 20%.
Quando há indicação de oxigenioterapia, a recomendação atual é de administrá-la por pelo menos 18 horas diárias, inclusive durante o sono.
Os pacientes devem receber vacina contra a gripe todos os anos, bem como vacina contra o pneumococo. Fisioterapia para reabilitação pulmonar é indicada em todos os casos.
(*) Médico oncologista, cientista e escritor , formado pela Universidade de São Paulo
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