terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Brasil deixa de exportar flores e passa a importar

Globo Rural 

A exportação brasileira de flores é quase nula e não se vislumbra nenhum futuro promissor, disse o presidente do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor), Kees Schoenmaker. 

Ele informou que as poucas estatísticas que aparecem não se referem a flores cortadas, nem a plantas, a mudas ou bulbos. 
“Em vez de exportar, hoje em dia nós estamos importando da Colômbia e do Equador”. Rosas estão entre as principais flores importadas.

Segundo Schoenmaker, o Brasil nunca teve destaque no campo da floricultura no mercado exterior. 
“A gente era conhecido. E com a piora do câmbio, a atividade parou”. 
Em outro sentido houve melhoria no mercado interno. “Por que, então, exportar?”, indagou. 

Ele explicou que o clima no Brasil não é favorável à produção de flores como no Equador e na Colômbia, “que têm altitudes maiores do que a gente. Produzem acima de 2,5 mil metros. A gente para com 1,4 mil metros”. 
Schoenmaker informou que quanto mais alto e mais frio, mais propício é o clima para a produção de flores de alta qualidade. 

O presidente da Ibraflor disse que o consumo está evoluindo de forma positiva. 
A produção de flores no Brasil movimentou R$ 5,2 bilhões no ano passado, com aumento de 13% sobre 2012. o valor se refere ao faturamento dos atacadistas e varejistas de flores. 

Para os produtores, a atividade gerou receita entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,3 bilhão. 
“Porque está se encontrando flores e plantas em todos os lugares, hoje em dia. Praticamente, todos os supermercados têm”. A qualidade do produtor final melhorou, bem como a durabilidade das flores, que “é muito maior do que há cinco ou dez anos “. 

Segundo ele, isso faz com que aumente a satisfação do consumidor e o leva a repetir a compra. O consumo per capita no Brasil é R$ 26 por habitante/ano, o que ele considera que “não é bom, mas não é ruim”. 
Em 2012, o consumo por habitante/ano era R$ 23,02. 

Em comparação a outros países, principalmente da Europa, o consumo brasileiro é pequeno. “Na Europa, é até sete vezes maior”. 

No Brasil, o maior consumo per capita em 2013 foi registrado no Distrito Federal (R$ 43,72), seguido de São Paulo (R$ 43,63), do Rio Grande do Sul (R$ 36,99), Rio de Janeiro (R$ 35,48) e de Santa Catarina (R$ 31,46). 

Produção 
São Paulo é o mais importante estado produtor, apresentando faturamento de R$ 1,8 bilhão em 2013. Em seguida, aparece o Rio de Janeiro, que movimentou R$ 576 milhões, com aumento de 23% em comparação ao valor registrado no ano anterior, de acordo com informação da Secretaria Estadual de Agricultura. 
O secretário Christino Áureo acredita que a expansão é resultado da profissionalização da atividade nos últimos anos, da diversificação da produção e da oferta de crédito para investimento e custeio. 

Esclareceu que por meio do programa de fomento ao setor, o Florescer, têm sido intensificadas as ações de capacitação de produtores, “preparando nossos produtos para competir e conquistar espaço, tanto no Rio de Janeiro, como para atender outras unidades da federação”. Hoje, 52 dos 92 municípios fluminenses trabalham com floricultura, gerando 18 mil postos de trabalho. 

O presidente do Ibraflor estimou que, em 2014, o crescimento do setor não mostrará grande incremento, devendo fechar com alta em torno de 8%. Isso resulta de vários fatores. Entre eles, citou o Dia Internacional da Mulher, que este ano cairá no sábado depois do carnaval. “Sábado não é um dia bom. Depois do carnaval, é pior ainda”, manifestou. 

Outro fato que reduzirá as vendas, segundo Schoenmaker, é a Copa do Mundo. “Nós já passamos por várias Copas do Mundo e sabemos o efeito disso. As vendas caem bastante”. O setor pretende promover ações voltadas para a Copa, mas não sabe qual será o resultado. “A gente tem que esperar”. 

Atualmente, o Brasil conta 8 mil produtores, dos quais 98% são de pequeno e médio porte. A área cultivada no ano passado totalizou 13,8 mil hectares. Mais de 350 espécies foram produzidas, somando 3 mil variedades. O mercado engloba 60 centrais de atacado, 650 empresas atacadistas e 22 mil pontos de venda no varejo. 

Kees Schoenmaker disse que a tendência não é aumento do emprego na floricultura nacional, mas expansão da área para produção, “porque o pessoal está mecanizando mais, automatizando mais”. 
Além disso, apontou que há dificuldade em encontrar pessoal capacitado para a atividade. “A dificuldade que outros negócios sentem, nós sentimos também. Está difícil”.

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