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"A vitória é a flor mais bonita, brilhante e colorida. Transporte é o caule sem o qual ela nunca teria desabrochado”. Tais palavras foram ditas por Winston Churchill após o desembarque bem sucedido de milhares de soldados na Normandia em 6 de junho de 1944, o chamado dia D.
Ao longo da história, vitórias foram conquistadas, civilizações e países se desenvolveram somente após resolverem problemas logísticos, especialmente no que se refere ao transporte. Não é segredo algum que a logística tem sido um dos grandes entraves ao desenvolvimento brasileiro, mas o que torna esse conhecimento tão incômodo é o fato de estarmos convivendo com esses problemas há décadas.
Em algumas áreas, o país sempre mostrou uma grande capacidade de se adaptar e conviver “pacificamente” com os seus problemas, talvez pensando que princípios darwinianos naturalmente fariam o Brasil emergir como grande potência. Todavia, o lugar de relativo destaque do país na “Nova Ordem Mundial”, de crise das nações desenvolvidas e crescimento dos países emergentes, pode nos levar a crer que tal política tem dado resultado, mas fica a sensação de que poderíamos estar muito melhor com a solução desses velhos problemas.
Sempre que o Brasil colhe uma safra recorde, os referidos problemas ficam mais aparentes, incomodam um pouco mais e a mídia dá uma atenção maior. O tempo passa e a cada nova safra os problemas persistem.
Nesse sentido, no que tange à questão logística, a ocorrência de uma conjunção de fatores fez de 2012 um ano atípico, especialmente para o mercado de milho.
A expectativa de recordes, tanto na safra dos Estados Unidos como na segunda safra de milho no Brasil, inicialmente provocou uma baixa nos preços do grão no decorrer dos meses de maio e junho.
O quadro que se desenhava, com prejuízos e dificuldades de escoamento do milho no Centro-Oeste, foi revertido com a quebra de safra dos Estados Unidos.
Assim, passou-se da abundância para a escassez de milho em algumas regiões no país, impactando diretamente a avicultura e a suinocultura, com a alta considerável dos seus principais insumos.
Tal situação jogou novamente luz sobre a precariedade da logística de transporte no país, mas também derrubou algumas crenças relativas à nossa capacidade de exportação de grãos.
A região Centro-Oeste produziu 25 milhões de toneladas de milho na segunda safra de 2012, um aumento de 87,7% em relação ao ano anterior.
O estado do Mato Grosso foi o grande responsável por esse aumento, colhendo 15 milhões de toneladas, quantidade 107% superior à do ano anterior.
Se já não bastasse o aumento dos preços de transporte que se esperaria pelo aumento de demanda para escoar essa produção, em 17 de junho passou a vigorar a Lei 12.169/2012, que regulamenta a profissão de motorista.
A nova lei determina que o motorista profissional trabalhe no máximo dez horas diárias ao volante e descanse 30 minutos a cada quatro horas.
O resultado dessa nova realidade dos transportes no Brasil fez com que, somente no mês de agosto, o frete de Sorriso (MT) para o Porto de Paranaguá (PR) subisse 19,5%.
O valor de R$ 245,00 no início de setembro é 60% superior ao do respectivo período em 2011.
A dificuldade da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em contratar serviços de transporte dos seus estoques de milho no Centro-Oeste para as regiões Sul e Nordeste exemplifica um pouco o caos instalado no escoamento de grãos no Brasil, que gera escassez em momento de grande disponibilidade interna.
Dentre os grandes países produtores de milho, os custos de produção no Brasil na média são menores do que nos demais players, mas os gastos com transporte oneram consideravelmente o escoamento agrícola da grande região produtora, que é o Centro-Oeste.
Há a expectativa de que, em poucos anos, a China se tornará o maior importador mundial de milho, superando o Japão, e comprará mais de 20 milhões de toneladas do grão por ano.
Assim, comparar os custos de se transportar o milho é uma forma de analisar os países que têm melhores condições de suprir esse mercado.Segundo estudo da CentroGrãos (Central de Comercialização de Grãos), da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso, o custo de transporte de Santos para a China, U$45/t, é inferior ao observado em Rosário-Argentina para o mesmo destino, U$66/t, e de Nova Orleans-EUA também para a China, U$46/t, onde estão localizados portos de dois dos nossos maiores concorrentes.
Sem considerar as dificuldades de armazenagem e as conhecidas filas de carregamento, um dos problemas do Brasil é levar grãos aos portos. Esse mesmo estudo ressalta que o transporte de milho de Sorriso-MT para Santos-SP fica em U$130/t, enquanto que o transporte da grande região produtora de Córdoba para Rosário, na Argentina, não sai por mais de U$36/t, apesar de também ser feito por via rodoviária.
Os custos de transporte nos Estados Unidos, que possuem dimensões continentais como o Brasil, são ainda menores. O trajeto Illinois-Nova Orleans é feito por via hidroviária ao custo de apenas U$25/t.
Ao contrário do Brasil e da Argentina, que utilizam a rodovia como principal matriz de transporte, nos Estados Unidos o transporte de carga é feito basicamente por hidrovia, 60% do total, e ferrovia, 35% do total.
Por ser um país menor, a Argentina sofre menos com os altos custos rodoviários quando comparado com o Brasil, mas a questão é que esses dois países usam modais inadequados para o transporte de grãos.
Segundo a CNT (Confederação Nacional do Transportes), no Brasil, o segmento rodoviário é responsável por 61,1% da carga transportada, tendo como agravante o nosso baixo percentual de estradas pavimentadas.
Apenas 260 mil quilômetros de rodovias são pavimentadas, frente a um universo de 1,6 milhão quilômetros de estradas. Esse percentual de pavimentação chega ser quatro a cinco vezes menor do que o observado nas outras potências emergentes do chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
Nota do Blog: E a famosa BR 163 está novamente com suas obras suspensas pelo velho e tradicional problema brasileiro quando o assunto é verba pública: mau uso .... E o Brasil perdeu milhões de dólares ao ano somente em frete ... Pais mal administrado é país fadado a pobreza ... É o que somos um País pobre ...
"A vitória é a flor mais bonita, brilhante e colorida. Transporte é o caule sem o qual ela nunca teria desabrochado”. Tais palavras foram ditas por Winston Churchill após o desembarque bem sucedido de milhares de soldados na Normandia em 6 de junho de 1944, o chamado dia D.
Ao longo da história, vitórias foram conquistadas, civilizações e países se desenvolveram somente após resolverem problemas logísticos, especialmente no que se refere ao transporte. Não é segredo algum que a logística tem sido um dos grandes entraves ao desenvolvimento brasileiro, mas o que torna esse conhecimento tão incômodo é o fato de estarmos convivendo com esses problemas há décadas.
Em algumas áreas, o país sempre mostrou uma grande capacidade de se adaptar e conviver “pacificamente” com os seus problemas, talvez pensando que princípios darwinianos naturalmente fariam o Brasil emergir como grande potência. Todavia, o lugar de relativo destaque do país na “Nova Ordem Mundial”, de crise das nações desenvolvidas e crescimento dos países emergentes, pode nos levar a crer que tal política tem dado resultado, mas fica a sensação de que poderíamos estar muito melhor com a solução desses velhos problemas.
Sempre que o Brasil colhe uma safra recorde, os referidos problemas ficam mais aparentes, incomodam um pouco mais e a mídia dá uma atenção maior. O tempo passa e a cada nova safra os problemas persistem.
Nesse sentido, no que tange à questão logística, a ocorrência de uma conjunção de fatores fez de 2012 um ano atípico, especialmente para o mercado de milho.
A expectativa de recordes, tanto na safra dos Estados Unidos como na segunda safra de milho no Brasil, inicialmente provocou uma baixa nos preços do grão no decorrer dos meses de maio e junho.
O quadro que se desenhava, com prejuízos e dificuldades de escoamento do milho no Centro-Oeste, foi revertido com a quebra de safra dos Estados Unidos.
Assim, passou-se da abundância para a escassez de milho em algumas regiões no país, impactando diretamente a avicultura e a suinocultura, com a alta considerável dos seus principais insumos.
Tal situação jogou novamente luz sobre a precariedade da logística de transporte no país, mas também derrubou algumas crenças relativas à nossa capacidade de exportação de grãos.
A região Centro-Oeste produziu 25 milhões de toneladas de milho na segunda safra de 2012, um aumento de 87,7% em relação ao ano anterior.
O estado do Mato Grosso foi o grande responsável por esse aumento, colhendo 15 milhões de toneladas, quantidade 107% superior à do ano anterior.
Se já não bastasse o aumento dos preços de transporte que se esperaria pelo aumento de demanda para escoar essa produção, em 17 de junho passou a vigorar a Lei 12.169/2012, que regulamenta a profissão de motorista.
A nova lei determina que o motorista profissional trabalhe no máximo dez horas diárias ao volante e descanse 30 minutos a cada quatro horas.
O resultado dessa nova realidade dos transportes no Brasil fez com que, somente no mês de agosto, o frete de Sorriso (MT) para o Porto de Paranaguá (PR) subisse 19,5%.
O valor de R$ 245,00 no início de setembro é 60% superior ao do respectivo período em 2011.
A dificuldade da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em contratar serviços de transporte dos seus estoques de milho no Centro-Oeste para as regiões Sul e Nordeste exemplifica um pouco o caos instalado no escoamento de grãos no Brasil, que gera escassez em momento de grande disponibilidade interna.
Dentre os grandes países produtores de milho, os custos de produção no Brasil na média são menores do que nos demais players, mas os gastos com transporte oneram consideravelmente o escoamento agrícola da grande região produtora, que é o Centro-Oeste.
Há a expectativa de que, em poucos anos, a China se tornará o maior importador mundial de milho, superando o Japão, e comprará mais de 20 milhões de toneladas do grão por ano.
Assim, comparar os custos de se transportar o milho é uma forma de analisar os países que têm melhores condições de suprir esse mercado.Segundo estudo da CentroGrãos (Central de Comercialização de Grãos), da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso, o custo de transporte de Santos para a China, U$45/t, é inferior ao observado em Rosário-Argentina para o mesmo destino, U$66/t, e de Nova Orleans-EUA também para a China, U$46/t, onde estão localizados portos de dois dos nossos maiores concorrentes.
Sem considerar as dificuldades de armazenagem e as conhecidas filas de carregamento, um dos problemas do Brasil é levar grãos aos portos. Esse mesmo estudo ressalta que o transporte de milho de Sorriso-MT para Santos-SP fica em U$130/t, enquanto que o transporte da grande região produtora de Córdoba para Rosário, na Argentina, não sai por mais de U$36/t, apesar de também ser feito por via rodoviária.
Os custos de transporte nos Estados Unidos, que possuem dimensões continentais como o Brasil, são ainda menores. O trajeto Illinois-Nova Orleans é feito por via hidroviária ao custo de apenas U$25/t.
Ao contrário do Brasil e da Argentina, que utilizam a rodovia como principal matriz de transporte, nos Estados Unidos o transporte de carga é feito basicamente por hidrovia, 60% do total, e ferrovia, 35% do total.
Por ser um país menor, a Argentina sofre menos com os altos custos rodoviários quando comparado com o Brasil, mas a questão é que esses dois países usam modais inadequados para o transporte de grãos.
Segundo a CNT (Confederação Nacional do Transportes), no Brasil, o segmento rodoviário é responsável por 61,1% da carga transportada, tendo como agravante o nosso baixo percentual de estradas pavimentadas.
Apenas 260 mil quilômetros de rodovias são pavimentadas, frente a um universo de 1,6 milhão quilômetros de estradas. Esse percentual de pavimentação chega ser quatro a cinco vezes menor do que o observado nas outras potências emergentes do chamado BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China).
Nota do Blog: E a famosa BR 163 está novamente com suas obras suspensas pelo velho e tradicional problema brasileiro quando o assunto é verba pública: mau uso .... E o Brasil perdeu milhões de dólares ao ano somente em frete ... Pais mal administrado é país fadado a pobreza ... É o que somos um País pobre ...
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